terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Estudo flagra células-tronco 'do mal' que geram câncer no intestino

O lado negro das células-tronco acaba de ganhar mais uma confirmação: a descoberta de uma população desse tipo de célula que está na raiz dos cânceres de intestino. Uma equipe internacional de pesquisadores identificou as vilãs microscópicas num estudo com camundongos e pretende utilizar esse conhecimento como ferramenta para, quem sabe, erradicar definitivamente esse tipo de câncer.

A capacidade de renovar a si próprias e a de dar origem a outros tipos de célula são definidoras das células-tronco, e é graças a elas que os cientistas pretendem utilizá-las para reconstruir órgãos e tecidos. Mas essas mesmas propriedades também são potencialmente perigosas. Se os vários tipos de câncer tiverem células-tronco -- e cada vez mais parece que eles as têm --, a doença ganha uma fonte quase inexaurível de crescimento: basta que sobre uma única célula-tronco para que um tumor volte, ao menos em tese.

Na nova pesquisa envolvendo tumores de intestino, a equipe liderada por Hans Clevers, do Centro Médico da Universidade de Utrecht (Holanda), estudou um grupo especial de células da chamada cripta intestinal (uma região cheia de glândulas mucosas no intestino delgado). Já se sabe que elas são as células-tronco "do bem" para o intestino delgado e o cólon, ou seja, ajudam a renovar os tecidos desses órgãos (para se ter uma idéia, a camada superficial deles é trocada a cada cinco dias em camundongos).
Na mosca
Clevers explicou ao G1 que os camundongos usados na pesquisa foram especialmente "preparados" (via biologia molecular) para reagir da maneira que os pesquisadores desejavam. "Eles produzem uma enzima em suas células-tronco, que nós conseguimos ativar com uma injeção de tamoxifeno [droga comum no tratamento contra o câncer de mama]. Com esse truque, nós deletamos um gene que serve como supressor de tumores em células-tronco", diz ele.

No experimento, os pesquisadores viram que o tumor intestinal só surgia quando o gene, conhecido como APC, era inutilizado nas células-tronco, e não nas outras células do intestino. Isso mostra que elas são mesmo as culpadas pela doença. "Ao comparar esses dois tipos de células, nós agora poderemos achar genes marcadores que estão unicamente presentes nas células-tronco do câncer, e não nas células-tronco normais", diz Clevers. Com isso, espera-se que surjam formas de atacar especificamente esse tipo de célula.

A pesquisa está na edição desta semana da revista científica britânica "Nature" .

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Cientistas obtêm células-tronco embrionárias de rato

São Paulo - A supremacia do camundongo como principal instrumento da pesquisa genética pode estar chegando ao fim. Após vários anos de tentativas frustradas, pesquisadores americanos, britânicos e chineses conseguiram vencer um dos maiores desafios tecnológicos da biomedicina: a obtenção da primeira linhagem de células-tronco embrionárias de rato. O experimento abre caminho para a produção de ratos geneticamente modificados destinados ao estudo de doenças em laboratório - técnica usada há 20 anos em camundongos e que em 2007 rendeu o prêmio Nobel de medicina a três pesquisadores. "É algo que esperávamos há muito tempo", disse José Eduardo Krieger, diretor do Laboratório de Genética e Cardiologia Molecular do Instituto do Coração de São Paulo.

Ele explica que, em muitas situações, o rato é um modelo de pesquisa preferível ao camundongo porque é geneticamente e fisiologicamente mais parecido com os seres humanos. O fato de ser um animal maior também facilita o estudo de doenças cardiovasculares, como a hipertensão arterial. O problema é que, sem a capacidade de cultivar células-tronco embrionárias da espécie, fica difícil produzir animais geneticamente modificados (chamados "nocautes") que permitem estudar o papel de genes específicos no organismo. Isso porque a melhor maneira de saber a função de um gene é desligá-lo (ou "nocauteá-lo") e ver o que acontece com o organismo.

Tipicamente, a manipulação genética é feita nas células-tronco embrionárias em cultura, que depois são usadas para produzir animas transgênicos. As primeiras linhagens de células embrionárias de camundongos foram obtidas em 1981 e, oito anos mais tarde, foram obtidos os primeiros animais transgênicos. O Nobel coroou a contribuição da técnica para a biomedicina.

Mas ainda faltava o rato. A receita usada para cultivar células-tronco de camundongo nunca funcionou para outros roedores. Até agora.
Em dois trabalhos que serão publicados amanhã na revista Cell, cientistas das Universidades do Sul da Califórnia (EUA), Fudan (China), Edimburgo (Escócia) e Cambridge (Inglaterra) relatam a obtenção das primeiras linhagens de células-tronco embrionárias de ratos. Eles produziram um "coquetel" de moléculas capaz de manter as células indiferenciadas e desenvolveram técnicas para manipulá-las geneticamente em cultura. O próximo passo é produzir os animais transgênicos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: UOL

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Cientistas transformam células-tronco em neurônios

Cientistas europeus descobriram como transformar, in vitro, células-tronco embrionárias em grande quantidade de neurônios do córtex cerebral, abrindo caminho, assim, a novas perspectivas para a pesquisa médica sobre enfermidades neurológicas.

O córtex cerebral é uma complexa estrutura formada por células nervosas ou neurônios, que podem ser alvo de doenças como epilepsias, Mal de Alzheimer ou de acidentes vasculares cerebrais.

Os estudos, realizados pela equipe de Pierre Vanderhaeghen da Universidade Livre de Bruxelas (ULB) junto com Afsaneh Gaillard, do Centro Nacional de Pesquisas Científicas da França (CNRS) na Universidade de Poitiers, foi divulgado ontem na páguina web da revista científica Nature.

Os neurônios, gerados integralmente fora do cérebro, foram transplantados por Nicolas Gaspard (ULB) Gaillard a cérebros de ratos. Ao final de um mês, o exame dos roedores permitiu constatar que os neurônios se conectaram no cérebro formando circuitos adequados.

Segundo Vanderhaeghen, esta produção (corticogenesis) in vitro constitui uma "ferramenta inovadora para a investigação" e poderia servir para testar novos medicamentos.

Fonte: Terra

Brasil: estudo obtém resultado inédito com células-tronco

O Brasil desenvolveu pela primeira vez uma linhagem de células-tronco embrionárias, o que deve gerar um impulso no desenvolvimento deste tipo de pesquisa no país, segundo a geneticista que liderou o estudo.

A linhagem, grupo de células-tronco oriundas de um único embrião capazes de replicação in vitro, foi alcançada após dois anos de pesquisa na Universidade de São Paulo (USP). A primeira linhagem publicada foi em 1998, nos Estados Unidos.

"Não sei ainda, do ponto de vista científico, se isso é um impacto grande. Nossas formas de estabelecer (a linhagem) tiveram pequenas variações do que já foi publicado e ainda vai ser submetido a revistas científicas. Mas acho que o maior impacto disso é dentro do desenvolvimento da área de pesquisa com células-tronco embrionárias no Brasil", disse a geneticista Lygia da Veiga Pereira em entrevista à Reuters na terça-feira.

"A gente poder estabelecer as nossas próprias culturas nos dá autonomia para desenvolver essas pesquisas. Uma coisa é você ter colaborações com grupos estrangeiros, que é ótimo. Outra coisa é depender desses grupos. E a gente passa a não depender na medida que agora conseguimos fazer todos os passos, desde estabelecer a linhagem até tem grupos aqui no Brasil trabalhando na produção em grande escala", completou.

As células-tronco embrionárias, retiradas de embriões humanos, são capazes de produzir qualquer tipo de célula, e cientistas têm esperança de que a capacidade de transformação dessas células ajude no tratamento de uma série de doenças.

O grupo liderado por Lygia tinha conseguido estabelecer células-tronco embrionárias de camundongo em 1999 e começou a pesquisa com humanos em 2006, um ano após a aprovação da lei de biossegurança, que liberou o uso das células-tronco embrionárias em pesquisas ou no tratamento de doenças desde que retiradas de embriões produzidos por fertilização in vitro.

A pesquisa na USP, financiada pelos ministérios da Saúde e da Ciência e Tecnologia, seguiu mesmo com a Ação de Inconstitucionalidade (Adin), impetrada no Supremo Tribunal Federal em 2005, contra as pesquisas com células-tronco embrionárias. Em maio deste ano, o STF aprovou a continuação das pesquisas, e o Brasil tornou-se o primeiro país da América Latina a permitir os estudos com células-tronco.

"Como o governo seguiu nos financiando, a gente entendeu isso como um sinal que era para seguir em frente. A gente não parou as pesquisas, apostando na lucidez dos ministros do STF", afirmou a geneticista, acrescentando que seu grupo contou com a "colaboração importante" do grupo da doutora Jeanne Loring, de San Diego, dos Estados Unidos.
Lygia Pereira disse que, a partir da linhagem 100 por cento nacional, os grupos que realizam pesquisas com células-tronco partem para novas descobertas.

"O que a gente quer fazer agora é uma caracterização molecular mais detalhada dessas células. E também, em parceria, produzir essa célula em larga escala para disponibilizar para outros grupos aqui no Brasil", declarou.

"A gente também pretende estabelecer métodos de criar linhagens adequadas para uso clínico... para daqui um ano, dois anos, quando esses testes clínicos já deverão ter começado em outros países, a gente estar pronto para isso aqui no Brasil".

Fonte: Terra

Criado sistema para gerar células-tronco seguras

Um grupo de pesquisadores do MGH Cancer Center e do Harvard Stem Cell Institute em Boston (Estados Unidos) conseguiu reprogramar células adultas de rato e transformá-las em células-tronco seguras, em trabalho publicado pela revista Nature.A novidade do sistema que a equipe desenvolveu para gerar esse tipo de células-tronco, conhecidas como iPS (induced pluripotent stem cells), é que, nesta ocasião, foi utilizado um vírus que, ao contrário dos usados anteriormente, não passa a fazer parte do genoma das células nas quais entra.

Esta característica do vírus, um adenovírus, permite conservar intacto o material genético deste tipo de células-tronco reprogramadas, essencial para que possam ser empregadas no futuro em tratamento celular humano. "Além disso, o adenovírus que usamos tem outra característica necessária para satisfazer os padrões de segurança, e é que não pode se propagar uma vez dentro da célula", explicou Matthias Stadtfeld, principal autor do trabalho.

Os pesquisadores extraíram células do fígado e fibroblasto da ponta do rabo de ratos adultos e introduziram nelas um grupo de quatro genes conhecidos como Yamanaka factors. "Juntos, estes quatro fatores podem estabelecer pluripotencialidade nas células adultas diferenciadas. Por enquanto, se desconhece como o fazem e quais são as contribuições individuais de cada um deles ", prosseguiu Stadtfeld.

Após cultivá-las no laboratório, injetaram as iPS em embriões de ratos que depois foram implantados no útero de algumas fêmeas. Os ratos que nasceram e nos quais as iPS se especializaram em vários tipos celulares sem problemas não apresentaram até hoje nenhum efeito adverso.

A equipe liderada por Konrad Hochedlinger acredita que, a partir de agora, será possível tentar reprogramar células humanas com adenovírus. Segundo Stadtfeld, "o êxito deste trabalho poderia depender da combinação" deste tipo de vírus com os "agentes químicos" utilizados "para reforçar a reprogramação". Conseguir iPS e poder testá-las em humanos é apenas "uma questão de tempo", declarou o cientista.

No entanto, lembrou que um dos obstáculos a superar será o fato de que, "em geral, é mais difícil derivar células maduras e funcionais a partir de células-tronco em humanos do que em ratos"; e com as iPS terão que enfrentar o mesmo desafio. "Demos um passo adiante, mas ainda estamos longe de poder iniciar os testes clínicos", declarou o pesquisador.

As iPS se somam ao elenco de células-tronco atualmente estudadas com a esperança de que, algum dia, possam servir para tratar aquelas doenças que afetam a integridade dos tecidos. "Os tratamentos baseados em células iPS ou células-tronco poderiam ser empregados para reparar tecidos" como os da medula óssea ou do fígado, disse Stadtfeld.

Pessoas com uma doença como a anemia falciforme, uma alteração genética que destrói os glóbulos vermelhos, poderiam ser suscetíveis de receber este tipo de tratamentos. Por último, ressaltou "a importância de continuar investigando neste campo e determinar se as células iPS geradas no futuro e as células-tronco são completamente idênticas, quanto à segurança e ao potencial na aplicação clínica".

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Unicamp abre novas pesquisas com células-tronco

O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o Departamento de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (DECIT/SCTIE/MS) divulgaram as 49 pesquisas com células-tronco que receberão um total de R$ 10 milhões para o desenvolvimento de procedimentos terapêuticos inovadores na área de terapia celular. Destas pesquisas, quatro são desenvolvidas e coordenadas pelo Grupo de Terapia Celular (GTC) da Unicamp.

O GTC envolve pesquisadores das disciplinas de Reumatologia, Neurologia, Cirurgia Plástica, Ortopedia, Gastrocirurgia, Transplante de Fígado e Cirurgia Pediátrica da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), Instituto de Biologia, Cemib, CPQBA, Instituto de Física, Laboratório Síncroton, Instituto de Química da Unicamp e pesquisadores colaboradores do Instituto de Química da USP e de São Carlos.

“O Grupo de Terapia Celular é multidisciplinar e envolve o Hemocentro, responsável pelo processo de obtenção de células-tronco a partir de sangue de cordão umbilical humano, de tecido adiposo e de medula óssea”, explicou Ângela Luzo, coordenadora do Banco de Sangue de Cordão Umbilical do Hemocentro da Unicamp.

Três dos projetos aprovados pelo edital do CNPq envolvem pesquisas com células-tronco a partir do tecido adiposo, uma tendência mundial de acordo com Ângela Luzo. A razão de pesquisadores estarem usando esse tipo de célula se deve ao fato do processo para a obtenção das células-tronco do tecido adiposo conhecido como lipoaspiração ser menos invasivo e requerer apenas anestesia local. Outra vantagem é que essas células são mais fáceis de serem separadas e cultivadas in vitro.

O primeiro projeto aprovado que envolve essa linha de pesquisa é “Avaliação da capacidade de células mesenquimais obtidas de sangue de cordão umbilical e de tecido adiposo humanos na diferenciação para hepatócitos”, coordenado pela professora e pesquisadora do Departamento de Cirurgia da FCM, Ilka de Fátima Santana Ferreira Boin.

O transplante de fígado, apesar de ser uma excelente arma terapêutica para os pacientes portadores de insuficiência hepática grave, está sujeito à viabilidade de órgãos doados. A utilização de células-tronco na regeneração do fígado poderia melhorar o quadro hepático dos pacientes que aguardam na fila do transplante. De acordo com a pesquisa, a comprovação de que células mesenquimais obtidas de sangue de cordão e de tecido adiposo teriam capacidade de diferenciação para linhagem hepática possibilitaria, num futuro próximo, a sua utilização em pacientes com problemas graves de fígado.

O segundo projeto é “Ação de células mesenquimais derivadas do tecido adiposo na regeneração de lesões cartilaginosas do joelho de coelhos”, coordenado pela professora e pesquisadora Sara Teresinha Ollala Saad, do Departamento de Clínica Médica.

A cartilagem do joelho é incapaz de se reparar normalmente num processo de cicatrização espontâneo. As medidas terapêuticas adotadas para o seu tratamento, até o momento, se mostram ineficientes. A Engenharia de Tecidos pode ser uma resposta para este problema. Inúmeras pesquisas têm demonstrado a possibilidade de se obter colágeno do tipo II a partir de células mesenquimais de células adiposas obtidas na lipoaspiração. De acordo com a pesquisa, esponjas de colágeno tipo II obtidas com metodologia desenvolvida no Laboratório de Medicina Molecular da FCM serão implantadas em lesões produzidas no joelho de coelhos para comprovar a ação da regeneração cartilaginosa a partir das células-tronco. As células mesenquimais são uma derivação de células-tronco que podem se transformar em músculos, ossos, gordura e até cartilagem.

O terceiro projeto é “Avaliação do uso de células-tronco humanas derivadas de tecido adiposo na neovascularização de membros isquêmicos de camundongos – estudo pré-clínico a terapia celular na doença arterial periférica crônica (DAPc)”, da bióloga e doutoranda em medicina experimental pelo curso de Fisiopatologia Médica da FCM, Carolina Cotomacci. A orientação é da professora Joyce Maria A. Bizzacchi, do Hemocentro.

A DAPc é uma doença oclusiva arterial crônica de membros inferiores causada por aterosclerose. É uma das causas mais comuns de dor e incapacidade dos membros inferiores e está associada à morbidade e mortalidade. “O objetivo deste trabalho consiste em promover a neovascularização em membros isquêmicos pelo uso de células-tronco derivadas de tecido adiposo de doadores humanos normais e avaliar sua eficiência para futuros tratamentos baseados em terapia celular”, explicou Carolina. A pesquisadora também desenvolve outro projeto na mesma área com células-tronco provenientes de medula óssea.

A última pesquisa aprovada CNPq é do professor William Belangero, do Departamento de Ortopedia da FCM e envolve a obtenção de células-tronco a partir de sangue de cordão umbilical e de tecido adiposo. O Grupo de Terapia Celular da Unicamp teve mais três pesquisas aprovadas em novembro deste ano com o projeto Universal editado também pelo CNPq para as áreas de Ciências da Vida. O edital Universal recebeu cerca de 11 mil propostas e foram aprovados 2.550 projetos. O investimento total nas pesquisas será de R$ 100 milhões.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

A grande discussão continua, Religião x Ciência.

Há muito que se pensar a respeito desse assunto, ficamos confusos e divididos entre a crença e a esperança.

A religião nos traz a crença de que o Criador nos presenteou com os dons da VIDA, do CONHECIMENTO, da LIBERDADE e do AMOR; mas condena o uso da LIBERDADE e do CONHECIMENTO para fins que podem salvar a VIDA.

Me pergunto então, onde está o AMOR? Não está em dar a vida ao próximo? Em usar as virtudes com que Deus nos presenteou para ajudar as pessoas que precisam?

As respostas para essas perguntas são difíceis de serem encontradas, já que cada um de nós faz seu próprio julgamento do que é certo ou errado, usando assim outro dom a nós concebido, o LIVRE ARBITRIO.

Se não nos é permitido usufruir de nossos dons, por que nos foram dados então?

Quando descobrimos algo que pode ajudar na cura de várias doenças, que trará de volta o prazer de viver, talvez seja a vontade de Deus, afinal, Ele tudo sabe e tudo vê; foi Ele quem escreveu nossos caminhos, quem nos criou; e sabe exatamente o que faremos desde o dia do nosso nascimento até a nossa morte.

Se as Células tronco embrionárias não forem introduzidas no útero, não se transformarão em um embrião, se ficarem congeladas não vão ser nada.

Quantos óvulos são jogados fora ao longo da vida, até que a mulher engravide. Quantos espermatozóides são jogados fora até que um deles encontre um óvulo dentro de um útero e se torne um embrião? Por que não junta-los para um bem maior? Serão desperdiçados.

Essa discussão vai continuar por muito tempo, como já disse anteriormente, cada um faz seu próprio julgamento; só quem precisa é que sabe o bem que uma célula dessas pode fazer.

Eu como uma Cristã fico confusa sim, me divido entre a opinião da Igreja e os resultados das pesquisas.

Mas, por enquanto, posso estar errada e até indo contra os princípios da religião, porém sou a FAVOR do uso das células embrionárias.

Vaticano condena célula-tronco embrionária e clonagem

CIDADE DO VATICANO (Reuters) - O Vaticano disse nesta sexta-feira que a vida é sagrada em qualquer estágio de sua existência, e condenou a fertilização artificial, a pesquisa de células-tronco embrionárias, a clonagem humana e as pílulas anticoncepcionais.

O documento sobre bioética do corpo doutrinal do Vaticano, aguardado há muito tempo, também afirma que a "pílula do dia seguinte", o DIU e os remédios que bloqueiam a ação dos hormônios necessária para manter um óvulo fertilizado no útero caem "no pecado do aborto" e são gravemente imorais.

"Dignitas Personae (dignidade de uma pessoa), uma instrução sobre algumas questões bioéticas", é uma tentativa de atualizar a postura da Igreja diante dos recentes avanços na ciência e na medicina.

O texto afirma que a vida humana merece respeito "desde os primeiros estágios de sua existência, (e) não pode nunca ser reduzida meramente a um conjunto de células."

"Portanto, o embrião humano tem, desde o começo, a dignidade que cabe a uma pessoa", diz o documento da Congregação para a Doutrina da Fé.

Ele diz que a maioria das formas de fertilização artificial "precisa ser extinta" porque "substitui o ato conjugal... que é o único capaz verdadeiramente de uma procriação responsável."

A Igreja condenou a fertilização in-vitro, dizendo que as técnicas "atuam como se o embrião humano fosse simplesmente uma massa de células para serem usadas, selecionadas e descartadas."

O documento, altamente técnico, afirma que apenas a pesquisa com células-tronco adultas é moral, porque a pesquisa com células-tronco embrionárias envolve a destruição de embriões.

No documento, o Vaticano também defendeu o direito de intervir nesses assuntos.
"Há quem diga que o ensinamento moral da Igreja contém proibições demais. Na realidade, porém, esse ensinamento é baseado no reconhecimento e na promoção de todos os dons que o Criador presenteou ao homem: como a vida, o conhecimento, a liberdade e o amor."

Fonte: UOL

Cientistas tchecos geram células-tronco sem uso de embriões

Cientistas tchecos anunciaram hoje em Praga que conseguiram gerar células-tronco através do sistema de indução pluripotencial, um processo que não requer o uso de embriões e, com isso, não possui inconvenientes éticos.

"Este processo produz células para pesquisas em condições de laboratório, enquanto seu uso clínico ainda levará bastante tempo", reconheceu à Agência Efe em Praga Tibor Mosko, diretor do Instituto de Pesquisa de Produção Agropecuária (VUZV).

Esta tecnologia foi utilizada com sucesso pela primeira vez em 2007 graças aos trabalhos de uma equipe japonesa e de outra americana.

Este sistema de obter células de tecido adulto com as características das células-tronco embrionárias "não tem problema em seu aspecto ético, já que os embriões não são eliminados", destacou o cientista tcheco.

"Isto é nosso objetivo, algo que cada pesquisador tenta resolver", acrescentou o especialista, cuja equipe funciona com apoio financeiro do Estado tcheco.

A indução pluripotencial permite também investigar tratamentos "à medida do paciente", explicou Mosko, que, após conseguir concluir com sucesso o processo, agora pretende "caracterizar estas células, para saber com que trabalhamos, e melhorar a tecnologia".

O uso científico de embriões para a obtenção de células-tronco é muito criticado por círculos conservadores.

Fonte: UOL

Unifesp: célula-tronco cura problema renal em ratos

Pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) conseguiram curar insuficiência renal aguda em ratos com injeções de células-tronco da medula óssea. Segundo o nefrologista Nestor Schor, que coordena a pesquisa, há uma perspectiva real de que a técnica possa funcionar também em seres humanos - apesar de que ainda são necessários vários anos de pesquisa com animais para garantir a segurança do processo.

"Os resultados são impressionantes", afirma Schor. Os experimentos começaram há cerca de um ano e meio, dentro da tese de doutorado da pesquisadora Luciana Reis. A equipe trabalha com dois modelos de insuficiência renal aguda em ratos: um induzido pelo antibiótico gentamicina (muito usado no tratamento de infecções severas) e outro, induzido por uma toxina da bactéria Escherichia coli, que causa infecções em seres humanos.

Todos os animais tratados com células-tronco tiveram "melhora significativa" das funções renais, com reversão do quadro de insuficiência, segundo Schor. Em seres humanos seria o suficiente para tirar um paciente da diálise, por exemplo. Segundo Schor, há vários mecanismos que poderiam explicar o efeito benéfico do procedimento. É possível que as células-tronco atuem como "enfermeiras", secretando moléculas terapêuticas ou estimulando as células do rim a trabalhar mais para reparar as lesões causadas no órgão.

Fonte: O Estado de S. Paulo.

Cientistas descobrem células-tronco 'adormecidas'

Cientistas da Alemanha e Suíça identificaram em ratos de laboratório um grupo de células-tronco que se mantêm adormecidas no corpo durante boa parte da vida e cujo uso pode ser mais eficaz no tratamento de câncer do que as células-tronco comuns.

A descoberta foi anunciada na edição desta quinzena da revista científica Cell. De acordo com os pesquisadores do Centro Alemão de Pesquisa do Câncer, da Escola Politécnica Federal da Suíça e do Instituto Ludwig para Pesquisa do Câncer, o tipo de célula-tronco identificado somente sai do estado de "adormecido" em casos de ferimentos graves ou hemorragias, quando passa a se dividir para repor as células perdidas pelo corpo.

Nos ratos, as células-tronco "adormecidas" costumam se dividir apenas cinco vezes ao longo da vida. Em humanos, isso corresponderia a uma divisão a cada 18 anos, enquanto as células-tronco ativas se dividem pelo menos uma vez ao mês.

Os cientistas ressaltaram, porém, que, em caso de emergência, como um ferimento na medula, as células adormecidas "despertam". Acordadas, elas possuem o potencial mais alto de se auto-renovar já visto em células-tronco. "O corpo mantém suas células-tronco mais potentes como uma reserva secreta para emergências e as esconde em 'cavernas' da medula óssea", explica o cientista Andreas Trumpp, chefe da pesquisa. "Se a medula é danificada, elas começam imediatamente a se multiplicar diariamente, porque o organismo precisa de novas células."

Para Trumpp, essa descoberta pode ajudar a entender melhor as células-tronco cancerígenas. "Essas células provavelmente também ficam em estado dormente na maior parte do tempo", afirmou. "Acreditamos que é por isso que muitas são resistentes aos vários tipos de quimioterapia." Segundo o pesquisador, se os cientistas conseguissem "acordar" essas células antes de um paciente receber tratamento, seria possível eliminá-las e, assim, tratar o câncer de maneira muito mais eficaz.

Entrevisa de Mayana Zatz ao Estado

O primeiro contato com uma criança portadora de distrofia muscular, logo no início da vida acadêmica, foi determinante para a carreira da geneticista Mayana Zatz, uma das cinco vencedoras deste ano do Prêmio Loreal/Unesco para Mulheres Cientistas. Ao ver o menino na cadeira de rodas, a estudante do curso de biologia e aficcionada por genética decidiu se dedicar ao estudo da doença, que provoca a degeneração progressiva e irreversível da musculatura. “Queria contribuir de alguma forma para evitar aquele sofrimento.” Hoje, com 160 trabalhos publicados e citada 2 mil vezes em pesquisas de outros autores, Mayana mantém o interesse pelo bem-estar dos pacientes e reserva um dia da semana para atendimento de consultório. Tarefa difícil, diante do volume de atividades.

Coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano da Universidade de São Paulo e integrante do serviço de aconselhamento genético para doenças neuromusculares, montado por ela na década de 70, Mayana é, ainda, presidente da Associação Brasileira de Distrofia Muscular, entidade que presta assistência multidisplinar a crianças com o distúrbio.

Estado – Por que a senhora continua atendendo pacientes no serviço de aconselhamento genético da USP?

Mayana Zatz – O contato pessoal é imprescindível. É muito diferente analisar uma amostra de sangue anônima e uma de um paciente que você conhece a história, as expectativas e apreensões. Além disso, é uma lição constante conviver com pessoas que têm portadores da doença na família. Ela nos impulsiona a pesquisar ainda mais e a todo momento nos lembra o quanto é importante sermos éticos.

Estado – Quais são as grandes dificuldades nessa área?

Mayana – A genética nos trouxe grandes benefícios. Hoje podemos dizer com muita precisão a um casal se ele tem ou não riscos de ter um filho com problemas genéticos.
Com isso, evitamos que famílias tenham crianças com doenças cuja cura ainda não foi descoberta. Não é só. Quando a gravidez não foi evitada, temos condições de analisar a saúde do feto. Isso muitas vezes significa salvar vidas. Lembro-me de uma mãe que tinha duas filhas portadoras de atrofia espinhal progressiva. Quando as duas meninas estavam internadas, em estado grave, a mãe descobriu estar grávida novamente. Ela queria interromper a gravidez, mas pedimos que ela aguardasse e fizesse um exame. Como o resultado deu negativo, ela decidiu manter a gestação. Mas os benefícios poderiam ser ampliados ainda mais, caso houvesse uma mudança na legislação. Hoje, quando a doença genética é constatada no feto, nada pode ser feito, pois a lei impede o aborto nesses casos. Sou favorável à permissão da interrupção da gravidez para essas todo o drama enfrentado, muitas acabam recorrendo à clandestinidade e a locais pouco confiáveis para fazer o aborto. Não podemos obrigar um casal a ter um filho que vai enfrentar durante toda a vida sérios problemas de saúde.

Estado – Há casos em que o estudo genético não é feito?

Mayana – Em doenças de manifestação tardia, não fazemos. Não haveria nenhum benefício. Ao contrário. Um exame genético é diferente de uma dosagem de glicose, por exemplo. O resultado é para sempre, não muda. Imagine receber o diagnóstico positivo de uma doença genética, que vai manifestar-se somente daqui a alguns anos. Todos os projetos de vida desse paciente serão mudados, estilo de vida, expectativas. É preciso sempre ter muito cuidado com isso.

Estado – A ética está sendo respeitada?

Mayana – Já era hora de haver uma regulamentação sobre o assunto. Hoje sabemos que vários laboratórios fazem exames genéticos em profusão. Isso pode ter resultados nefastos. Fazer um documento internacional, estabelecendo os limites para a atuação da ciência não seria difícil. Hoje há um consenso entre pesquisadores sérios de várias partes do mundo do que é útil e do que é perigoso.

Estado – Qual a sua avaliação sobre a produção científica brasileira na área genética?

Mayana – Demos um salto muito grande. O mapeamento da Xylella provocou efeitos muito positivos. A importância que o governador Mário Covas deu ao assunto, o destaque na mídia internacional mostrou aos governantes a importância de se investir na pesquisa.
Em São Paulo temos a Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapesp), cujos benefícios são imensos. Acredito que agora entidades de outros Estados receberão o mesmo incentivo. Antes, havia apenas boas idéias. Com dinheiro, temos pesquisas confiáveis e descobertas importantes.

Estado – Quando recebeu a notícia de sua premiação?

Mayana – No fim do ano passado. Levei um grande susto. Minha inscrição no concurso foi feita por indicação do pesquisador Leopoldo Demeis, do Rio. Ele pediu alguns documentos, mas que se extraviaram. Quando mandei novamente, o prazo da inscrição já havia terminado. Fiquei felicíssima. É uma consagração da produção científica brasileira. E certamente o trabalho social também foi levado em consideração.

Estado – Como estão as atividades da Associação Brasileira de Distrofia Muscular?

Mayana – Damos uma assistência multidisciplinar a várias crianças com a doença.
Em um terço dos casos, a doença é provoca por uma mutação nova do gene. No restante, o gene com mutação é herdado da mãe. Hoje sabemos que são mais de 30 tipos da doença. Todas progressivas e irreversíveis. Damos às crianças todo o suporte necessário.
Carros adaptados vão buscá-las em casa para as atividades, que vão desde a fisioterapia até terapia ocupacional. Agora estamos tentando conseguir com o Sistema Único de Saúde respiradores, para serem usados à noite. Todas as atividades são financiadas por doações. Temos uma ajuda importante do Unibanco, mas há ainda muito que fazer.

Fonte: UOL

Influência da proteína eIF5A em células-tronco musculares pode ser caminho para tratar distrofias

Experiências realizadas in vitro mostraram que a proteína eIF5A (fator de início de tradução
de eucariotos 5A) está envolvida com o processo de diferenciação de células-tronco presentes
na musculatura esquelética – músculos ligados aos ossos que são responsáveis pela locomoção.

“Diferenciação celular é o processo em que uma célula sofre alterações moleculares e
celulares em associação ao desenvolvimento de um novo tipo celular”, explica o farmacêutico
e bioquímico Augusto Ducati Luchessi. “Após a ocorrência de uma lesão muscular essas
células-tronco, também chamadas de células satélites, são ativadas e se diferenciam para
regenerar o tecido lesionado”, complementa. Seu estudo acaba de ser publicado no “Journal of
Cellular Physiology” e pode ser um caminho para o tratamento das distrofias musculares.

Ainda pouco estudada, a proteína eIF5A é conhecida no meio científico como “enigmática”,
pois é a única descrita na natureza que possui em sua composição um resíduo de aminoácido
chamado hipusina. “A proteína eIF5A foi descoberta em 1976 e está envolvida com o processo
de síntese protéica, mas sua função exata ainda é desconhecida”, conta Luchessi. A hipusina
é essencial para a atividade de eIF5A e é formada por uma via bioquímica chamada
hipusinação, que consiste na transformação enzimática de um resíduo específico do aminoácido
lisina em hipusina. Neste processo, é essencial a participação de um composto chamado
espermidina.

“Nós levantamos a hipótese de que esta proteína “enigmática” poderia desempenhar uma função importante no controle da diferenciação de células-tronco musculares após tomar conhecimento
que a espermidina está envolvida na diferenciação de uma linhagem celular de mioblastos”,
explica Luchessi.

Testes in vitro Para a realização dos testes in vitro, Luchessi removeu alguns músculos esqueléticos de
ratos e isolou as células-tronco presentes nestes tecidos. Inicialmente, foi comparado o
conteúdo de eIF5A entre as células satélites e o tecido muscular dos animais. Como
resultado, foi observado que o tecido muscular apresentava maior quantidade de eIF5A. Em
seguida, as células satélites foram submetidas à diferenciação in vitro e foi verificado que
a expressão de eIF5A intensificava-se ao longo do processo de diferenciação. Posteriormente,
as células satélites foram tratadas com um composto inibidor da hipusinação (GC7) e foi
constatado um bloqueio reversível da diferenciação.

Luchessi relata que um estudo anterior demonstrou que a suplementação de camundongos
distróficos com L-arginina causou uma melhora significativa da doença em função de um
possível aumento na produção de óxido nítrico. A suplementação das células satélites com o
aminoácido L-arginina causou uma supressão parcial dos efeitos inibitórios de GC7. “Uma vez
que L-arginina é uma molécula precursora de espermidina, essa suplementação também pode
aumentar a disponibilidade de espermidina e alterar o padrão de ativação de eIF5A via
hipusinação”, explica. Segundo o biquímico, esses resultados possibilitam a elaboração de
outros estudos, inclusive com vistas ao tratamento das distrofias musculares.

Para o pesquisador, esses achados revelam um importante papel fisiológico de eIF5A no
processo de diferenciação muscular. O estudo, agora publicado, foi tema central de sua tese
de doutorado defendida em 2007, sob orientação do professor Dr. Rui Curi, no ICB da USP.

Fonte: www.usp.br

R$ 10 milhões para pesquisas com células-tronco

Foram divulgados esta semana 49 projetos de pesquisa com células-tronco selecionados para
receber um investimento total de R$ 10 milhões do Ministério da Saúde. Trata-se do primeiro
investimento do governo incluindo pesquisas com células-tronco de embriões humanos desde a
liberação definitiva do Supremo Tribunal Federal (STF), em maio deste ano, deste tipo de
experiência no país. A divulgação dos projetos foi feita pelo Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pelo Departamento de Ciência e Tecnologia
da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos.

Quase 150 propostas foram examinadas pelo comitê responsável pela escolha. Os 49 projetos
selecionados pesquisarão não apenas células-tronco embrionárias, mas também células-tronco
adultas derivadas da medula óssea, do cordão umbilical e de outros tecidos. Treze
pesquisadores que tiveram propostas aprovadas são de instituições do Rio (UFRJ, Fiocruz,
Uerj, Into).

Segundo o coordenador do Programa de Pesquisa em Biotecnologia e Recursos Genéticos, Sérgio
Lessa, o último edital do CNPq que financiou pesquisas com células-tronco foi em 2005. Nesta
ocasião, 45 projetos foram escolhidos, totalizando um investimento de R$ 10,5 milhões.
Desses 45 projetos, seis pesquisaram células-tronco embrionárias humanas. Os estudos
apoiados pelo edital de 2005 duraram cerca de dois anos e foram concluídos em 2007.

Fonte: O Globo

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Paciente recebe traquéia feita das próprias células-tronco

Cientistas da Espanha anunciaram que fizeram o primeiro transplante de um órgão cujo tecido foi desenvolvido a partir das células-tronco do próprio paciente.

A tecnologia também permitiu que pela primeira vez se fizesse um transplante de órgão sem necessidade de remédios anti-rejeição.

A paciente Claudia Castillo, de 30 anos, precisava de um transplante de traquéia, depois de ter sofrido danos nos seus órgãos respiratórios devido à tuberculose.

A cirurgia foi feita há cinco meses no Hospital Clínic, de Barcelona, e a paciente está hoje em estado perfeito de saúde, segundo os médicos.

Cientistas europeus acreditam que a técnica, descrita em um artigo da revista científica The Lancet, se tornará comum no futuro.

'Receio'

Para criar a nova traquéia, os médicos usaram uma traquéia de um doador e a limparam com fortes químicos para matar todas as células.
A estrutura que restou foi revestida com as células da própria paciente. Ao usar as células de Castillo, eles conseguiram evitar que seu corpo tivesse rejeição ao órgão doado.

Dois tipos de células foram removidas de Castillo: as que ficam na sua traquéia e células-tronco da medula óssea.

Depois de quatro dias de crescimento em um equipamento especial no laboratório, a nova traquéia foi transplantada pelo cirurgião Paolo Macchiarini.

"Eu estava com muito receio. Antes disso, nós só havíamos feito esse trabalho com porcos", disse o médico.

"Mas assim que a traquéia saiu do biorreator, tivemos uma surpresa muito positiva."

Quatro meses depois da cirurgia, Macchiarini afirma que as chances de surgirem sinais de rejeição do órgão no corpo da paciente são praticamente nulas.

"Nós estamos muito animados com os resultados. Ela está curtindo uma vida normal, o que para nós, os médicos, é um presente muito bonito."

Para Martin Birchall, pesquisador da universidade britânica de Bristol, que ajudou a criar a traquéia híbrida, o transplante significa uma "grande mudança" nas técnicas de cirurgia.

"Os cirurgiões podem agora começar a entender o potencial das células-tronco de adultos e desenvolvimento de tecidos para radicalmente melhorar a sua habilidade de tratar pacientes com doenças graves."

Para Birchall, em 20 anos, praticamente todos os transplantes de órgão serão feitos desta forma.

Na Europa, entre 50 e 60 mil pessoas são diagnosticadas com câncer de laringe por ano. Os cientistas afirmam que cerca de metade deles podem potencialmente passar pelo processo realizado em Barcelona.

Fonte: G1

células tronco embrionárias geram droga contra esclerose lateral amiotrófica




Um grupo de cientistas nos EUA, com marcante participação brasileira, está demonstrando o imenso potencial existente nas células-tronco embrionárias para desenvolver tratamentos para doenças hoje incuráveis. E o resultado imediato é uma nova droga -- possivelmente a primeira derivada de pesquisas desse tipo -- que pode vir a ser esperança para pessoas que sofrem de esclerose lateral amiotrófica.


Trata-se de uma enfermidade degenerativa que mata em pouquíssimo tempo -- uns poucos anos. Os que possuem a doença passam por fases crescentes de debilidade motora, conforme o sistema nervoso começa a falhar.

Os pesquisadores liderados por Fred Gage, no Instituto Salk, em La Jolla, na Califórnia, usaram uma estratégia que é menos divulgada, mas talvez seja a mais importante, no esquema dos estudos com células-tronco embrionárias.


O mais costumeiro é pensar nessas células -- que são extremamente versáteis, capazes de se transformar em qualquer tecido do corpo -- como fontes para a substituição de partes danificadas do organismo. É o conceito de terapia celular, que já começa a amadurecer com o uso de células-tronco adultas, mas ainda encontra algumas barreiras para ser aplicado às pesquisas com células embrionárias.


Mas a turma de Gage foi por um caminho diferente. Eles usaram as células-tronco embrionárias para criar, em laboratório, um modelo para a doença. Com isso, podiam verificar como exatamente a enfermidade se desenvolve, no âmbito das células.
"No nosso modelo, utilizamos as células-tronco embrionárias para fazer neurônios motores humanos. Cultivamos os neurônios juntamente com astrócitos humanos, expressando [ativando] a mutação que causa esclerose lateral amiotrófica, também chamada de ELA", relata ao G1 a brasileira Carol Marchetto, pesquisadora do Instituto Salk e primeira autora do estudo, que está publicado na última edição da revista científica "Cell StemCell".
"Nós observamos a morte de neurônios normais após a cultura em conjunto com os astrócitos mutados e mostramos que os astrócitos com ELA estão produxindo espécies reativas de oxigênio, além de fatores pró-inflamatórios", diz Marchetto. "Acreditamos que esses podem ser fatores que matam os neurônios motores."
Na prática, isso quer dizer que os cientistas conseguiram produzir um modelo de laboratório, com cultura de células, que é bastante compatível com o que acontece às vítimas da doença, dentro do corpo. A partir daí, começa a fase realmente interessante: a tentativa de encontrar drogas que ajudem a combater a doença.
As grandes novidades
Foi a primeira vez que um grupo de pesquisa conseguiu criar um modelo in vitro totalmente humano para a esclerose lateral amiotrófica. "Até então, sempre eram utilizados modelos de roedores -- ratos e camundongos -- para a triagem de drogas", relata Marchetto.
Essas deficiências do modelo animal atrapalharam até agora o avanço das pesquisas médicas.
Muitas drogas funcionaram muito bem em camundongos, mas não tiveram efeito nenhum em testes clínicos humanos. Com isso, a única droga aprovada pela FDA [agência que regula medicamentos nos EUA] até hoje para a doença é muito pouco eficaz para humanos -- aumenta a sobrevida em apenas dois meses.
"E ainda assim, é a melhor coisa que já apareceu", diz Marchetto. "O aparecimento de modelos totalmente humanos como o nosso pode vir a auxiliar na triagem de drogas para o tratamento de ELA."

A primeira esperança

Na seqüência do trabalho, os cientistas aplicaram algumas substâncias ao modelo, na tentativa de combater os efeitos da doença. Em uma das combinações escolhidas, verificaram que houve reversão na produção das malévolas espécies reativas de oxigênio. "Quando usamos um desses fatores para tratar astrócitos com ELA e subseqüentemente fazer a cultura em conjunto com os neurônios, os neurônios não morreram mais", diz a pesquisadora brasileira.
A idéia agora é testar essa substância em roedores vivos, para verificar se os efeitos se mantêm dentro do organismo. Por fim, viriam os testes clínicos com humanos. "Quanto aos testes com animais, vamos começar no mês que vem", diz Marchetto.
O fato de que a esclerose lateral amiotrófica é uma doença tão devastadora faz com que iniciar testes clínicos seja mais rápido do que em doenças cuja progressão é menos agressiva. Mesmo assim, se tudo der certo, não existe a expectativa de que o novo medicamento possa chegar ao mercado antes de três a cinco anos.
Fonte: G1

Cientistas tranformam Células Tronco de gordura em células musculares.

Cientistas da Universidade de São Paulo (USP) fizeram novas descobertas sobre o poder das células-tronco. Testes em laboratório tiveram resultados surpreendentes em relação à distrofia muscular.

A matéria-prima da descoberta veio daqueles pneuzinhos indesejados e eliminados com lipoaspiração em clínicas de cirurgia plástica. A gordura posta de lado virou material de pesquisa nas mãos de cientistas. Material rico em células-tronco adultas, que têm a função de fazer pequenos reparos em determinadas partes do corpo. Elas são capazes de se transformar em células ósseas, de cartilagens e também em células musculares. Mas o mecanismo que dispara a ordem de transformação destas células dentro do corpo ainda é desconhecido.

Depois de quase um ano de tentativas, os cientistas conseguiram transformar as células-tronco da gordura em células musculares humanas no corpo dos camundongos. E junto com elas, veio também um resultado impressionante.
Os camundongos tinham distrofia muscular, uma doença genética grave que afeta a força dos músculos aos poucos e que ainda não tem cura. Um camundongo que não recebeu células-tronco, por causa da distrofia muscular, não conseguia se segurar no arame e caía.
Já o camundongo que recebeu as células-tronco de gordura se agarra com firmeza ao arame. As células de gordura viraram músculos que funcionam.

Para a coordenadora da pesquisa, Mayana Zatz, a descoberta é um passo importante na direção do tratamento da distrofia muscular. “A chave é a gente descobrir e poder controlar totalmente esse processo. Só aí é que a gente vai ficar seguro de injetar. Eu acho que se essas experiências que estamos testando agora derem certo, a gente pode pensar talvez em dois ou três anos começar ensaios clínicos em pessoas”, acredita.

Fonte: G1

Brasil Usará Células Tronco de gordura da barriga para cirurgia cardíaca

Células-tronco extraídas de gordura da barriga serão usadas experimentalmente em cirurgias cardíacas com a intenção de recuperar o músculo do coração lesionado pelo infarto. A pesquisa, inédita no país, está sendo desenvolvida pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, em parceria com o Instituto Ludwig, de São Paulo.

Experiências parecidas já são feitas no Brasil com células-tronco da medula óssea. A expectativa dos pesquisadores do Dante e do Ludwig é que a gordura forneça uma quantidade maior de células, o que, em tese, aumentaria as chances de sucesso do tratamento.

O tecido gorduroso, ricamente vascularizado, é fonte de células-tronco mesenquimais, capazes de se diferenciar em outros tipos de tecidos --como osso, cartilagens e células nervosas. Na pesquisa do Dante, a intenção é que elas induzam a criação de vasos sangüíneos e de novas células musculares cardíacas na região lesionada.

O estudo envolverá 200 pacientes entre 40 e 75 anos que necessitam passar por uma cirurgia de revascularização do músculo cardíaco (ponte de safena), em razão de lesões nas coronárias e de um enfraquecimento do músculo do coração.

Metade do grupo fará apenas a cirurgia tradicional e a outra metade receberá uma injeção de célula-tronco no músculo cardíaco. Por meio de uma cânula semelhante à usada na lipoaspiração, é feita a punção de 100 ml de gordura da barriga do paciente, como explica a cirurgiã plástica Isa Dietrich, pesquisadora do Instituto Ludwig que já desenvolveu na França uma pesquisa semelhante.

"A intenção é que essa célula-tronco se transforme em vasos sangüíneos e, principalmente, em células cardíacas, o que aumentaria a força do batimento na parede [do coração] que estava parada", diz o cardiologista Marcelo Sampaio, responsável pelo Laboratório de Biologia Molecular do Dante.

Para ele, a retirada de células-tronco do tecido adiposo humano tem vantagens. "É um processo simples e pode ser feito concomitantemente à cirurgia. Além disso, uma grande contingência de células-tronco emana dessa punção, muito mais do que da medula óssea."

Ele afirma que as pesquisas com células-tronco da medula óssea mostraram que elas não resultaram em grande quantidade de células de tecido muscular cardíaco. "Também houve muita perda de material. As células que se transformaram, um ano depois morriam."

InCor

O cardiologista José Eduardo Krieger, diretor do Laboratório de Genética e Cardiologia Molecular do InCor, rebate a afirmação explicando que a situação descrita por Sampaio se refere a experiências em que células-tronco da medula foram injetadas na corrente sangüínea, não no músculo cardíaco --como é o caso de um estudo desenvolvido no InCor. "Estamos testando a eficácia desse tratamento por meio de um estudo duplo-cego. Mas nem nós sabemos ainda o resultado."

O estudo faz parte de um dos braços da maior pesquisa clínica do mundo em terapia com célula-tronco, que o Brasil realiza há três anos. O trabalho avalia o impacto da utilização das células-tronco em quatro das principais doenças cardíacas: doença de Chagas, isquemia crônica, infarto e o "inchaço do coração" (cardiomiopatia dilatada). Os primeiros resultados saem em dezembro.

Krieger diz que o InCor também tem pesquisado células-tronco extraídas da gordura, em uma fase pré-clínica (com animais). "A gente tem que entender como essa célula pode dar origem a células da musculatura cardíaca, ou, o que é mais provável, como ela produzirá substâncias que vão estimular a formação de novos vasos [sangüíneos]. Precisamos conhecer demais o comportamento dessas células antes de passar para [experiências com] humanos."

Marcelo Sampaio diz que não há riscos para o paciente. "São células do própria pessoa, não há problema de rejeição."

Segundo o médico, hoje, os resultados da cirurgia de ponte de safena são muitos bons em relação à restauração do fluxo sangüíneo no coração e ao alívio de sintomas.

O problema tem sido a recuperação do músculo necrosado, que leva ao desenvolvimento da insuficiência cardíaca. "Os pacientes ficam seqüelados. Há estudos que mostram que os pacientes já não morrem tanto por infarto, mas por complicações da insuficiência cardíaca."

A previsão é de que, em seis meses, sejam obtidos os primeiros resultados do estudo, que deve seguir por dois anos.

por: CLÁUDIA COLLUCCI Folha de S.Paulo

Novos resultados nas pesquisas com Células Tronco

O debate continua sobre a pesquisa com células-tronco embrionárias, tanto ao nível europeu
como francês, onde a discussão sobre o projeto de lei de bioética se realizará em fevereiro
diante do Senado.

Como nos recorda Jacques Testart, "parece que não levam em consideração que a possibilidade
de pesquisas sobre embriões humanos, aberta desde 1990 na Grã-Bretanha, não nos conduziu a
nenhum resultado interessante" (Le Monde, 26 de janeiro de 2004).
Em compensação, os progressos médicos realizados com células-tronco adultas continuaram a
aparecer em 2003, como mostram as publicações científicas. O jornal americano Washington
Times publicado em 30 de dezembro de 2003 cita numerosos exemplos:

- Cinco pacientes com mal de Parkinson se beneficiaram de uma terapia celular com
células-tronco adultas. Um ano após início do tratamento, haviam melhorado em 61% a
capacidade de realizar suas atividades diárias (Nature Medicine, maio de 2003).

- Foram tratados 250 pacientes diabéticos com células de pâncreas de doadores falecidos e se
conseguiu estabilizar a porcentagem de insulina em 80% deles.

- As células-tronco adultas também cumpriram suas promessas de tratamento de enfermidades
cardíacas. Quatorze pacientes mostraram melhora significativa no funcionamento do coração
durante vários meses depois de injetarem suas próprias células-tronco extraídas de sua
médula óssea.

"Os resultados são muito animadores", anunciou o Dr. James T. Willerson, chefe de
cardiologia do Texas Heart Institute e que dirigiu o estudo, "há uma melhora significativa
do fluxo de sangue nas partes do coração onde as células-tronco adultas foram implantadas".

As células-tronco de medula óssea serviram para curar três pacientes que sofriam de feridas
crônicas na pele (Archive of Dermatology, abril de 2003).
No campo da oftalmologia, cientistas de Toronto (Canadá) usaram células de um olho
danificado, com o objetivo de produzir células novas e reimplantá-las nos olhos do paciente
(Canada's Edmonton Journal, 30 de novembro de 2003).

"Penso que a ciência vai continuar mostrando êxitos nos tratamentos realizados com
células-tronco adultas, enquanto não temos visto nenhum resultado comprovado com
células-tronco embrionárias, e francamente, apenas resultados negativos com a clonagem de
animais", informa David Prentice, da Universidade do Estado de Indiana.

Na França, uma nova via terapêutica para a insuficiência crônica cardíaca foi aberta pelo
transplante de células-tronco adultas. Ela permite transplantar para o coração de pacientes
vítimas de infarte, suas próprias células musculares previamente postas em cultivo. Este
estudo faz referência aos êxitos obtidos na França pelo Pr. P. Menasché, cirurgião cardíaco
do Hospital Georges Pompidou.


Fonte: www.genethique.org

Novo Instituto de Pesquisa com Células Tronco com sede na USP.

Em aproximadamente um ano deverá entrar em operação o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) em Células-Tronco e Terapia Celular, que terá sua sede na USP. A iniciativa é parte do Programa Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia, implantado recentemente pelo Governo Federal. Trata-se do maior investimento em redes de pesquisa no País, com incentivos de mais de R$ 500 milhões. Para o INCT em Células-Tronco, segundo a professora Mayana Zatz que é a coordenadora do centro, serão investidos cerca de R$ 9 milhões, provenientes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), ambos do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT).

O projeto estará intimamente ligado ao Centro de Estudos do Genoma Humano (CEGH), também coordenado por Mayana e pela professora Maria Rita Passos-Bueno, e focará seus estudos e pesquisas em células-tronco obtidas de pacientes com doenças genéticas. “Poderemos derivar diferentes linhagens celulares de cada pessoa. Vamos trabalhar na compreensão dos genes causadores de doenças e tentar entender porque pessoas, portadores da mesma mutação, podem ficar gravemente afetadas enquanto outros permanecem sem sintomas a vida toda “, explica. “Além disso, haverá pesquisas no sentido de se testar drogas em linhagens de células-tronco obtidas de pacientes com doenças genéticas, o que permitirá ver o efeito diretamente nas células antes de testá-las em seres humanos.” Outro objetivo é o desenvolvimento de terapias celulares para esses pacientes.

Haverá também a criação de um banco de DNA de pessoas idosas saudáveis, a partir dos 70 anos. “No futuro, estes genomas servirão para entender o significado de mutações encontradas em pessoas mais jovens, isto é, se causam ou não doenças”, descreve a docente. Segundo Mayana, o desenvolvimento de novas tecnologias de seqüenciamento do DNA proporcionará uma grande quantidade de informações mas com um conhecimento ainda insuficiente. E é justamente nestes casos que o Banco de DNA será uma importante fonte de consulta. “Para se ter uma idéia, quando o genoma humano foi seqüenciado pela primeira vez, em 2003, o custo foi de US$ 3 bilhões. Já foi anunciado que em 2009 esse custo cairá para US$ 5mil e nos próximos dez anos, este custo deverá chegar a mil dólares. Inúmeras pessoas vão querer sequenciar seu genoma e o nosso banco de DNA de idosos saudáveis será precioso para avaliar o significado de alterações genéticas encontradas em pessoas mais jovens.

Fonte: http://vidauniversitaria.com.br/blog

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Estudo com Células Tronco humanas, combate distrofia muscular em camundongos.

A ciência acaba de dar um novo passo em direção à cura da distrofia muscular progressiva, uma doença genética que provoca a degeneração gradual dos músculos. Uma equipe de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) conseguiu, pela primeira vez, melhorar o quadro clínico de camundongos portadores da doença com a injeção de células-tronco humanas adultas, que se transformaram em fibras musculares. O trabalho, liderado pela geneticista Mayana Zatz, teve outro resultado relevante: não houve rejeição das células por parte dos camundongos, o que é muito comum em transplantes. A rejeição ocorre porque o organismo dos animais e o dos seres humanos são programados para reagir a qualquer corpo estranho formando anticorpos. Por esse motivo, pacientes transplantados têm de tomar drogas que inibem o sistema imunológico. "A experiência mostrou não apenas que o tratamento com células-tronco funciona, mas que pode ser possível injetá-las sem que o paciente precise usar drogas imunossupressoras", diz a geneticista Natássia Vieira, responsável pelo estudo, que será publicado na próxima edição da revista americana Stem Cells.

Na pesquisa da USP, as células-tronco foram retiradas de tecido adiposo humano e aplicadas em catorze camundongos, por meio de injeções na cauda, durante seis meses. O material entrou na corrente sanguínea dos roedores e se espalhou por vários órgãos. Nos músculos afetados pela doença, ele se transformou em células musculares e formou novos tecidos. Testes realizados até dois meses depois das aplicações mostraram que os camundongos ficaram mais fortes e resistentes. Os pesquisadores acreditam que não houve rejeição porque foram utilizadas células-tronco especiais chamadas de mesenquimais. Estudos anteriores sugeriram que, quando retiradas de tecido adiposo, essas células não ativam o sistema imunológico, pois não têm antígenos (uma substância que provoca a produção de anticorpos) em sua superfície. A experiência comprovou essa hipótese em camundongos. O próximo passo é repetir o procedimento com cães e, finalmente, com seres humanos.

A distrofia muscular atinge 100.000 brasileiros. Há mais de trinta tipos da doença. O mais comum – e também mais grave – é o de Duchenne, que se manifesta apenas em meninos. Os sintomas iniciais começam a aparecer aos 2 ou 3 anos – fraqueza e dificuldade para realizar movimentos simples, como pular e subir escadas – e pioram progressivamente. Em geral, na adolescência, o paciente é confinado a uma cadeira de rodas. Em estágios adiantados, devido ao enfraquecimento do diafragma, ele passa a ter dificuldade para respirar. Então, é obrigado a utilizar um aparelho de respiração assistida até o fim da vida. Como não há cura, o tratamento consiste em postergar os sintomas com fisioterapia e o uso de corticóides. A pesquisa brasileira é um sinal de esperança para os pacientes de distrofia muscular.


Fonte: Revista Veja 07/2008

Principais interesses no uso das Células tronco

· Biologia básica do desenvolvimento - compreensão do desenvolvimento humano normal e anormal;

· Estudo das doenças humanas em modelos animais - células-tronco de ratos poderiam incorporar genes humanos mutados (i.e., com erros genéticos) de doenças em particular;

· Cultura de linhagens celulares especializadas - poderiam ser utilizadas para estudos de farmacologia e testes toxicológicos, por exemplo, pela verificação de como populações puras de células especificas diferenciadas respondem a novos produtos medicinais;

· Terapia gênica - as células poderiam ser usadas como vetores para entrega de genes. Uma aplicação prática em estudos clínicos é o uso da célula-tronco hematopoiética modificada geneticamente para torná-la resistente ao HIV;

· Produção de linhagens celulares específicas para transplantes - esta é a aplicação terapêutica mais promissora das células-tronco. O objetivo maior é dirigir a diferenciação da célula-tronco pluripotente para produção de populações puras e saudáveis de tipos celulares a serem usados para reparar tecidos doentes ou injuriados, por exemplo, células do músculo cardíaco, células pancreáticas para produção de insulina, células hepáticas, células neurais e mesmo células para tratamento de algumas formas de câncer; este é o caminho para Medicina Regenerativa.

O que dizem as leis de alguns paíse sobre as Células tronco?

África do Sul:

Permite todas as pesquisas com embriões, inclusive a clonagem terapêutica. É o único país africano com legislação a respeito.

Alemanha:

Permite a pesquisa com linhagens de células-tronco existentes e sua importação, mas proíbe a destruição de embriões.

Brasil:

Permite a utilização de células-tronco produzidas a partir de embriões humanos para fins de pesquisa e terapia, desde que sejam embriões inviáveis ou estejam congelados há mais de três anos. Em todos os casos, é necessário o consentimento dos pais. A comercialização do material biológico é crime. Em 29 de maio de 2008 o Supremo Tribunal Federal confirmou que a lei em questão é constitucional, ratificando assim o posicionamento normativo dessa nação.

China:

Permite todas as pesquisas com embriões, inclusive a clonagem terapêutica.

Cingapura:

Permite todas as pesquisas com embriões, inclusive a clonagem terapêutica.

Coréia do Sul:

Permite todas as pesquisas com embriões, inclusive a clonagem terapêutica.

Estados Unidos:

Proíbe a aplicação de verbas do governo federal a qualquer pesquisa envolvendo embriões humanos (a exceção é feita para 19 linhagens de células-tronco derivadas antes da aprovação da lei norte-americana). Mas estados como a Califórnia permitem e patrocinam esse tipo de pesquisa (inclusive a clonagem terapêutica).

França:

Não tem legislação específica, mas permite a pesquisa com linhagens existentes de células-tronco embrionárias e com embriões de descarte.

Índia:

Proíbe a clonagem terapêutica, mas permite as outras pesquisas.

Israel:

Permite todas as pesquisas com embriões, inclusive a clonagem terapêutica.

Itália:

Proíbe totalmente qualquer tipo de pesquisa com células-tronco embrionárias humanas e sua importação.

Japão:

Permite todas as pesquisas com embriões, inclusive a clonagem terapêutica.

México:

Único país latino-americano além do Brasil que possui lei permitindo o uso de embriões. A lei mexicana é mais liberal que a brasileira, já que permite a criação de embriões para pesquisa.

Reino Unido:

Tem uma das legislações mais liberais do mundo e permite a clonagem terapêutica.

Rússia:

Permite todas as pesquisas com embriões, inclusive a clonagem terapêutica.

Turquia:

Permite pesquisas e uso de embriões de descarte, mas proíbe a clonagem terapêutica.

Definições de potência das Células Tronco.

As células-tronco podem se classificar de acordo com o tipo de células que podem gerar:

Totipotentes:

Podem produzir todas as células embrionárias e extra embrionárias;

Pluripotentes:

Podem produzir todos os tipos celulares do embrião, menos placenta e anexos;

Oligopotentes:

Podem produzir células dentro de uma única linhagem; Multipotentes: podem produzir células de várias linhagens;

Unipotentes:

Produzem somente um único tipo celular maduro.

Extração de Células Tronco

Há duas possibilidades de extração das células estaminais. Podem ser adultas ou embrionárias:


Embrionárias:

São encontradas no embrião humano e são classificadas como totipotentes ou pluripotentes, devido ao seu poder de diferenciação celular de outros tecidos. A utilização de células estaminais embrionárias para fins de investigação e tratamentos médicos varia de país para país, em que alguns a sua investigação e utilização é permitida, enquanto em outros países é ilegal. Atualmente no Brasil o Supremo Tribunal autorizou tais pesquisas.

Adultas:

São encontradas em diversos tecidos, como a medula óssea, sangue, fígado, cordão umbilical, placenta, e outros. Estudos recentes mostram que estas células estaminais têm uma limitação na sua capacidade de diferenciação, o que dá uma limitação de obtenção de tecidos a partir delas.

O que são Células Tronco?




As células-tronco, também conhecidas como células-mãe ou células estaminais, são células que possuem a melhor capacidade de se dividir dando origem a células semelhantes às progenitoras.

As células-tronco dos embriões têm ainda a capacidade de se transformar, num processo também conhecido por diferenciação celular, em outros tecidos do corpo, como ossos, nervos, músculos e sangue. Devido a essa característica, as células-tronco são importantes, principalmente na aplicação terapêutica, sendo potencialmente úteis em terapias de combate a doenças cardiovasculares, neurodegenerativas, diabetes tipo-1, acidentes vasculares cerebrais, doenças hematológicas, traumas na medula espinhal e nefropatias.

O principal objetivo das pesquisas com células-tronco é usá-las para recuperar tecidos danificados por essas doenças e traumas. São encontradas em células embrionárias e em vários locais do corpo, como no cordão umbilical, na medula óssea, no sangue, no fígado, na placenta e no líquido amniótico. Nesse último local, conforme descoberta de pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Wake Forest, no estado norte-americano da Carolina do Norte, noticiada pela imprensa mundial nos primeiros dias de 2007.