sexta-feira, 30 de julho de 2010

Bahia fará testes com células-tronco em pessoas paraplégicas

Pesquisadores do CBTC vão realizar os primeiros testes em humanos de um tratamento para recuperação dos movimentos de pacientes paraplégicos.


Nas próximas semanas, a ciência da Bahia dá um passo importante para a consolidação das terapias com células-tronco. Pesquisadores do Centro de Biotecnologia e Terapias Celulares (CBTC) do Hospital São Rafael, em Salvador, vão realizar os primeiros testes em humanos de um tratamento para recuperação dos movimentos de pacientes paraplégicos.

As experiências iniciais realizadas em cães e gatos apresentaram bons resultados. Segundo a pesquisadora Milena Soares, que coordena o trabalho, a terapia foi usada em dez animais que haviam sofrido quedas ou atropelamentos e perdido parte dos movimentos. As células-tronco foram retiradas dos próprios animais, cultivadas durante quatro semanas em laboratório e depois injetadas nos locais lesionados.

“Esses animais tiveram melhora em termos de ganho de movimentação dos membros, função urinária e sensibilidade. Com base nesses resultados, nós tivemos aprovado na Comissão Nacional de Ética e Pesquisa (Conep) um estudo clínico que será iniciado semana que vem em 20 pacientes com paraplegia. Depois eles vão passar por um período de fisioterapia e esperamos que melhorem como os animais”, explica a pesquisadora.

Se tudo correr bem e os resultados forem os esperados, os testes serão ampliados até que o procedimento possa ser adotado como um tratamento médico. A fase inicial da pesquisa vai durar no mínimo dois anos; com base no que for observado, serão feitas novas análises, até a liberação.

“Podemos calcular entre quatro e cinco anos para que o processo seja concluído. Obviamente que, como qualquer terapia, ela vai passar por ajustes e aprimoramentos para que se tenha o melhor efeito terapêutico. Vamos avaliar o número de administrações de células-tronco e a dose que precisa ser aplicada em cada tipo de lesão, para que se tenha o melhor resultado terapêutico possível”, afirma Soares.

Tecnologia

A Bahia é pioneira em pesquisas com células-tronco e o CBTC o melhor centro de estudos desse tipo de tratamento na América Latina. As pesquisas são financiadas, em parceria, pelo próprio Hospital, Governo do Estado, Ministério da Saúde, Fiocruz e CNPQ.

Bahia na fronteira das pesquisas

Um dos destaques do CBTC é a sala de cultivo de células humanas. Inaugurado recentemente, é o primeiro no Brasil a realizar o trabalho de cultivar as células-tronco que serão usadas nas pesquisas com humanos. O centro também ganhou, com apoio da Fapesb, um biotério. O espaço serve para a criação e manipulação das cobaias usadas na fase pré-clínica das pesquisas.

O pesquisador Ricardo Ribeiro, que é o coordenador nacional das pesquisas com células-tronco para tratamento de Doença de Chagas, explica que “o Conep, antes de liberar as experiências com humanos, exige a realização de testes com animais, para mostrar que o procedimento é eficaz e não tem riscos. Para isso nós conseguimos, com o apoio da Fapesb, esse biotério que pode ser usado em ambiente hospitalar”.

Segundo Ribeiro, com a estrutura que tem hoje “a Bahia está na fronteira das pesquisas em terapia celular. Quando pesquisadores do exterior e do Sul do país chegam aqui no CBTC eles tomam um susto, não acreditam que temos um laboratório tão avançado na Bahia. A gente está na frente. O centro foi implantado antes e já fornece até material para os estudos deles. Isso é a Bahia”.

Para o diretor de Inovação da Fundação de Amparo a Pesquisa da Bahia (Fapesb), Elias Ramos de Souza, o apoio a projetos considerados estruturantes na área da ciência e tecnologia é uma prioridade do Governo do Estado. “As pesquisas em terapia celular, que prometem uma aplicação imediata, é um desses projetos que nós apoiamos em parceria com a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP)”.

O que são as células-tronco

As células-tronco são células que têm a capacidade de se multiplicar e de se transformar em outros tipos de células do corpo humano. Nos últimos anos, cientistas de todo o mundo têm aproveitado essa característica e usado as células-tronco no tratamento de diversas doenças.

O procedimento consiste, em resumo, na retirada dessas células da medula óssea, aquela região esponjosa que existe dentro do osso e que é rica em células-tronco. O líquido coletado é separado em seus diversos constituintes, de modo a se obter uma fração concentrada de células-tronco. Elas são então injetadas nos locais lesionados e passam a se multiplicar, transformando-se em células sadias que substituem as doentes.

Fonte: Portal do Beirú - Salvador, 29/07/2010

Autorizada a primeira experiência com células-tronco embrionárias em humanos

A Administração de Alimentos e Drogas dos EUA (FDA, na sigla em inglês) anunciou esta sexta-feira a autorização para o primeiro teste em seres humanos com a utilização de células-tronco embrionárias.
A experiência testará células desenvolvidas pela Geron Corporation e pela Universidade da Califórnia em pacientes com lesões na medula espinhal.


O ensaio foi inicialmente marcado para janeiro do ano passado, mas, antes do início do estudo, a agência adiou os trabalhos por ter descoberto cistos em alguns camundongos que receberam as células. A Geron teve que fazer outro estudo com roedores e desenvolver outras maneiras de checar a pureza das células injetadas.

As células-tronco embrionárias podem assumir o formato de qualquer outra célula do corpo humano. O objetivo da comunidade científica é usar o material no tratamento de um amplo leque de doenças, sempre o usando em substituição a tecidos lesionados.

As células, no entanto, causam controvérsia por sua criação requerer a destruição de embriões humanos, considerados seres vivos pela Igreja.

A Geron ajudou a financiar o isolamento das primeiras células-tronco embrionárias humanas, realizado pela Universidade de Wiscosin no fim dos anos 90. A corporação, portanto, mantém certos direitos de patente no uso dessas células.

Fonte: O Globo

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Bancos de células-tronco: cordão umbilical e polpa dentária

A possibilidade de tratarmos no futuro várias patologias com células-tronco (CT) gerou uma nova demanda: o estabelecimento de bancos de células-tronco adultas que podem ser obtidas de várias fontes, tais como cordão umbilical, polpa dentária e tecido adiposo entre outras. Na prática elas precisam ter duas características: ser de fácil obtenção e abundantes. Além disso, uma pergunta fundamental é: para o que servem? Qual é o potencial de células-tronco de diferentes origens de se diferenciar em tipos celulares e tecidos que precisam ser substituídos. É o futuro da medicina regenerativa. Na semana passada, enquanto eu participava de um Congresso em Nápoles, na Itália, a mídia noticiou a criação de um banco pioneiro de células-tronco de polpa dentária na Universidade de São Paulo. Na realidade, trata-se de mais um. Além da nossa equipe do Centro do Genoma da USP, existem vários grupos no Brasil que vem trabalhando com CT de polpa dentária há vários anos.



No Brasil, a primeira cientista a trabalhar com CT de polpa dentária foi a Dra. Irina Kerkis, que na época era nossa colega no Instituto de Biociências da USP e hoje é pesquisadora do Instituto Butantan. A sua primeira publicação científica internacional sobre o assunto data de 2006. Desde aquela época, ou até antes, vários grupos de pesquisadores vinham trabalhando com essas células.



O que temos feito no Centro do Genoma da USP?



Além do potencial futuro de regenerar tecidos, as CT obtidas de pacientes com doenças genéticas, constituem um material precioso para pesquisas. Elas permitem que estudemos como os genes se expressam nos diferentes tecidos, porque afetam um órgão e não o outro, porque pessoas com a mesma mutação podem ter quadros clínicos totalmente diferentes. Alguns são muito afetados e outros não. Se conseguirmos entender o que protege algumas pessoas dos efeitos deletérios de uma mutação abriremos novos caminhos para tratamentos. Estamos pesquisando também o potencial de CT obtidas de diferentes fontes de formar osso, células musculares e neurônios. São todas iguais ou elas guardam a “memória” de onde vieram e são melhores para fazer alguns tecidos e não outros, a depender de sua origem? É o nosso interesse principal, levando em conta as doenças principais com as quais trabalhamos no centro do genoma: doenças neuromusculares (sob a minha responsabilidade) e patologias que requerem reconstrução óssea (sob a responsabilidade da Dra. Maria Rita Passos-Bueno e da Dra. Daniela Franco Bueno).

O Centro do Genoma está crescendo



Em 2008, tivemos dois novos grandes projetos aprovados (financiados pela FINEP, CNPq, Ministério da saúde e FAPESP) para construir um novo instituto ligado ao Centro do genoma. Ele abrigará o Instituto Nacional de Células-Tronco em doenças genéticas (sob a minha coordenação) e o Centro de Terapia Celular (coordenado pela Dra. Maria Rita Passos-Bueno). Será um instituto pioneiro integrando as pesquisas do genoma humano com células-tronco. Como já temos centenas de linhagens de células-tronco armazenadas, esse novo centro permitirá expandir muito a nossa capacidade atual.


Quais são os nossos principais resultados em pesquisas?



Estamos injetando diferentes células em modelos animais: camundongos, ratos e um modelo canino que tem uma distrofia muscular progressiva. São estudos classificados como pré-clínicos. São pesquisas demoradas porque, para termos segurança sobre os resultados, os animais precisam ser seguidos por longo tempo. Mas são fundamentais antes de começarmos os ensaios clínicos. A primeira observação é que as CT se comportam diferentemente quando cultivadas só no laboratório (in vitro) e quando são injetadas. Por isso a importância dos estudos pré-clínicos antes de pensarmos em tratamento. As nossas pesquisas já mostraram que CT de tecido adiposo são eficientes na formação de tecido muscular em modelos animais e que o tecido do cordão umbilical é uma fonte muito melhor de CT do que o sangue do cordão. Por isso continuo afirmando que só vale a pena armazenar o sangue do cordão umbilical em bancos públicos.


E as pesquisas com CT de polpa dentária?



O trabalho liderado pela Dra. Maria Rita e Dra. Daniela mostrou em modelos de ratos que elas são muito eficientes na reconstrução óssea. Por outro lado, elas não parecem tão boas como as do tecido adiposo para formar músculo. Além disso, elas têm se mostrado muito importantes para derivar células neuronais de pacientes com síndromes neurocomportamentais como a síndrome de Angelman e de Prader-Willi (sob a coordenação da Dra. Celia Koiffmann) e ajudar a desvendar os mecanismos responsáveis por essas síndromes.

Quem quer guardar as células-tronco de dentes de leite?



O Genoma tem recebido muitas solicitações de pessoas querendo que guardemos as CT da polpa dentária de seus filhos em um banco. São de crianças que têm familiares com alguma doença genética, ou pessoas que não tem nenhum problema mas que decidiram não congelar o cordão umbilical de seu bebê ao nascimento. Por enquanto, são só para pesquisas. Mas as pessoas ficam felizes quando digo. Se você não congelou o cordão não se preocupe, você pode obter CT dos dentes de leite do seu filho. E são vários. Além disso, você pode tranqüilizar seu filho: só queremos a polpa do dente. Não vamos competir com a fadinha do dente.


Por Mayana Zatz

Células-tronco e veneno de cobra são usados para reconectar neurônios

Por Fábio de Castro



Agência Fapesp


A realização de reparos eficientes em lesões do sistema nervoso é um desafio para a medicina. Compreender o rearranjo dos circuitos neurais provocado por essas lesões pode ser um passo fundamental para otimizar a sobrevivência e a capacidade regenerativa dos neurônios motores e restabelecer os movimentos do paciente.


A partir de investigações sobre esses mecanismos de rearranjo dos circuitos nervosos, um grupo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) está desenvolvendo um modelo inovador que associa terapia celular ao reimplante das raízes nervosas.


Para restabelecer a conexão entre o sistema nervoso periférico e o central, os pesquisadores utilizam células-tronco mononucleares de medula óssea e uma “cola” desenvolvida a partir do veneno de serpentes.


O projeto é coordenado por Alexandre Leite Rodrigues de Oliveira, professor do Departamento de Anatomia, Biologia Celular e Fisiologia e Biofísica, e conta com apoio da FAPESP por meio da modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular.


Participam também do projeto Roberta Barbizan, orientanda de doutorado de Oliveira no Programa de Pós-Graduação em Biologia Celular e Estrutural da Unicamp, Rui Seabra Ferreira Júnior, professor do Departamento de Doenças Tropicais e Diagnóstico por imagem da Faculdade de Medicina (FMB) da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), em Botucatu e Antônio de Castro Rodrigues, professor da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB), da USP.


Coordenador do Laboratório de Regeneração Nervosa da Unicamp, Oliveira apresentou na segunda-feira (26/7), durante o 15º Congresso da Sociedade Brasileira de Biologia Celular, em São Paulo, modelos utilizados por sua equipe para investigar os mecanismos de regeneração do sistema nervoso central e periférico.


Este ano, o grupo já publicou artigos sobre o tema nas revistas Neuropathology and Applied Neurobiology, Journal of Comparative Neurology e Journal of Neuroinflammation.


“Após lesão no sistema nervoso – periférico ou central –, ocorre um rearranjo considerável dos circuitos neurais e das sinapses. Entender esse rearranjo é importante para determinar a sobrevivência neural e a capacidade regenerativa posterior”, disse Oliveira à Agência FAPESP.


Para estudar os mecanismos de regeneração, os cientistas utilizam técnicas que unem microscopia eletrônica de transmissão, imuno-histoquímica, hibridação in situ e cultura de células gliais e neurônios medulares.


“Procuramos associar a terapia celular ao reimplante das raízes nervosas. Para isso, temos usado células-tronco mesenquimais e mononucleares no local da lesão ou nas raízes reimplantadas. A ideia não é repor neurônios, mas estimular troficamente essas células e evitar a perda neural, de modo a conseguir otimizar o processo regenerativo”, disse.


O projeto mais recente do grupo envolve o uso de um selante de fibrina – uma proteína envolvida com a coagulação sanguínea –, produzido a partir de uma fração do veneno de jararaca pelo Centro de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Botucatu.


“Os axônios dos neurônios motores saem da medula espinhal e entram na raiz nervosa, dirigindo-se aos nervos. O nosso modelo emprega essa ‘cola’ biorreabsorvível para reimplantar as raízes nervosas na superfície da medula, onde o sistema nervoso periférico se conecta ao sistema nervoso central. Associamos essa adesão às células-tronco, que produzem fatores neurotróficos – isto é, moléculas proteicas capazes de induzir o crescimento e a migração de expansões das células neurais”, explicou Oliveira.


Quando as raízes motoras são arrancadas, cerca de 80% dos neurônios motores morrem duas semanas após a lesão. Mas os motoneurônios que sobrevivem têm potencial regenerativo após o reimplante de raízes nervosas.


“Porém, na maioria das vezes, o reimplante das raízes não é suficiente para se obter um retorno da função motora, porque a lesão causa uma perda neuronal grande demais. Por isso, é preciso desenvolver estratégias para diminuir a morte neuronal após a lesão. Achamos que o uso do selante de fibrina pode auxiliar nesse processo”, indicou.


Segundo Oliveira, quando há uma lesão periférica – comum em acidentes de trabalho, por exemplo –, com transecção ou esmagamento de nervos, ocorre uma resposta retrógrada, isto é, uma reorganização sináptica visível na medula espinhal, onde se encontram os neurônios.


“O interessante é que, quando a lesão é periférica, o neurônico sinaliza de alguma forma para a glia – o conjunto de células do sistema nervoso central que dão suporte aos neurônios –, que se torna reativa. Essa reatividade está envolvida no rearranjo sináptico por meio de mecanismos ainda pouco conhecidos. Nosso objetivo é compreender e otimizar esse processo de rearranjo sináptico para, futuramente, criar estratégias capazes de melhorar a qualidade da regeneração neuronal”, afirmou.


Rearranjo sináptico


No laboratório da Unicamp, os cientistas induzem em ratos e camundongos doenças como a encefalomielite autoimune experimental – que é um modelo para estudar a esclerose múltipla. Após a indução de uma forma aguda da doença, os animais apresentam todos os sinais clínicos, tornando-se tetraplégicos de 15 a 17 dias após a indução.


“Por outro lado, eles se recuperam da tetraplegia muito rapidamente, entre 72 e 96 horas. O rearranjo sináptico induzido pela inflamação é tão grande que paralisa completamente a funcionalidade tanto sensitiva como motora, mas de forma transitória”, disse Oliveira.


No entanto, a esclerose múltipla destrói a bainha de mielina, uma substância que isola as terminações dos nervos e garante o funcionamento dos axônios. Segundo Oliveira, porém, essa bainha se recupera em surtos temporários: em alguns momentos há desmielinização; em outros, a resposta imune fica menos ativa, permitindo que a bainha de mielina se recomponha.


“O paradoxal é que, mesmo que a remielinização não tenha se completado, o animal volta a andar normalmente. Nossa hipótese é que o processo autoimune causa lesões cuja repercussão no sistema nervoso central é similar àquela que ocorre após uma injúria axonal. Transitoriamente, os neurônios param de funcionar. Quando a inflamação cede, as sinapses retornam muito rapidamente. No modelo animal, em algumas horas a função é retomada e os sinais clínicos vão desaparecendo”, disse.


Além do modelo da esclerose múltipla, os cientistas trabalham também com um modelo de lesão periférica dos nervos e na superfície da medula espinhal.

“Quanto mais perto da medula ocorre a lesão, mais grave a lesão em termos de morte neuronal. Todas são graves, mas aquela que ocorre perto da medula causa perda neuronal e aí não há perspectiva de recuperação. Mesmo com as vias íntegras, o neurônio que conecta o sistema central com o músculo morre e nunca mais haverá recuperação”, explicou o professor da Unicamp.


“Tanto no animal como no homem, ocorre uma perda grande de neurônios, mas da pequena porcentagem que resta, apenas cerca de 5% consegue se regenerar. No homem, entretanto, há uma demora de mais de dois anos para que se recupere alguma mobilidade. No rato, a mobilidade é recuperada em três ou quatro meses”, disse.


“Uma vez que isso foi descoberto, começou-se a tentar reimplantar as raízes, desenvolvendo estratégias cirúrgicas e tratamentos com drogas que evitem a morte neuronal nesse período em que há desconexão. Essa parece ser a saída mais promissora para evitar a perda neuronal e otimizar a regeneração”, afirmou.


Fonte: BOL

terça-feira, 27 de julho de 2010

Tratamento com células tronco

 Rio Preto possui  o único hospital do estado a realizar esse tipo de tratamento
A medicina do futuro, tratamento com células tronco oferece melhor qualidade de vida para pacientes com doenças graves.

Jovair lutava para viver com os diversos problemas de saúde. Depois de dois anos de tratamento com a terapia celular, ele diz que esta 90% recuperado e a maior conquista é poder fazer tudo que não podia antes.

Ele é um dos pacientes que tem sido atendidos no Instituto de Moléstias Cardiovasculares em Rio Preto, o hospital é o único no estado que realiza esse tipo de tratamento. Os procedimentos da terapia celular começaram a cinco anos e é através das células tronco que alguns doentes em fase terminal estão tendo uma nova chance.

O presidente da Associação Brasileira de Terapia Celular ainda comenta que o avanço já é notado, já são mais de 500 pesquisadores no Brasil, três grandes centros que estão funcionando e mais cinco a serem instalados.
Hoje cerca de 80% dos pacientes que são tratados com a terapia celular tem os sintomas diminuídos e uma melhor qualidade de vida, a medicina que regenera pretende ser também a medicina do futuro na busca da cura para muitas doenças.

Fonte: www.recordriopreto.com.br

Cientistas criam fios vivos, feitos com células-tronco

Fios vivos


Cientistas da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, criaram longos fios formados pela junção sequencial de células-tronco vivas e ativas.

Segundo os pesquisadores, estes fios celulares vivos podem se tornar uma ferramenta importante para tratamentos médicos, como ajudar a reparar o tecido do coração e da medula espinhal, e para o desenvolvimento de músculos artificiais.
As células utilizadas como base de sustentação são peptídeos, que se solidificam quanto entram em contato com água salgada, formando um gel que lembra um macarrão instantâneo, atingindo dimensões macroscópicas, visíveis a olho nu.

Quanto integradas com as células-tronco, as nanofibras podem ser injetadas no corpo com uma seringa. Depositadas em uma área onde o tecido foi danificado, as nanofibras ativam processos biológicos que levam à recuperação do tecido.

Nanofibras

Para construir os filamentos, a equipe de Stupp usou uma solução de peptídeos anfifílicos, conhecidos por sua tendência em se auto-organizarem em feixes de nanofibras, que foi aquecida para gerar um cristal líquido.

A solução foi então forçada através de uma pipeta em água salgada contendo cloreto de sódio (NaCl) ou cloreto de cálcio (CaCl2).

Os filamentos, que não são tóxicos, podem ser enrolados, dobrados ou amarrados, e podem ser fabricados em diversos diâmetros, apenas variando o diâmetro da pipeta.

A seguir, os filamentos foram "preenchidos", ou integrados com células-tronco, que passaram a se desenvolver no interior da estrutura filamentosa, seguindo a orientação do fio.

Fios de vida

Em uma demonstração surpreendente do que a nanotecnologia pode fazer em termos de medicina regenerativa, camundongos de laboratório paralisados por lesões na medula espinhal recuperaram a habilidade de usar suas patas traseiras seis semanas depois de receberem o nanomaterial.
Os nanofios também foram utilizados para cultivar músculos cardíacos in vitro, mostrando-se eletricamente ativos 10 dias depois do implante dos fios celulares.

"Injetando as moléculas que nós projetamos para se auto-organizarem em nanoestruturas no tecido espinhal, conseguimos recuperar rapidamente os neurônios danificados," disse Stupp.

"Os nanofios são a chave não apenas para prevenir a formação de tecido cicatricial prejudicial, que inibe a cura da medula espinhal, mas também para estimular o corpo na regeneração de células perdidas ou danificadas," explica o cientista.

Fonte: www.inovacaotecnologica.com.br

segunda-feira, 26 de julho de 2010

USP deve fornecer células-tronco de dentes de leite para pesquisadores

O laboratório para obtenção de células-tronco a partir de dentes de leite, em construção na Universidade de São Paulo (USP), deve colaborar para pesquisas sobre o assunto em todo o país. A coordenadora do projeto, Andrea Mantesso, disse que as células obtidas no novo centro, que será inaugurado em 2011, devem ser oferecidas a pesquisadores de outros laboratórios da USP e até de outras universidades.

“A gente está em uma grande universidade pública, onde existe muita pesquisa. Poderemos fornecer material a esses pesquisadores”, afirmou ela, em entrevista à Agência Brasil. “Como essas células virão dos dentes de leite, teremos material em abundância”, explicou.

Mantesso disse também que o novo laboratório deve receber pesquisadores de outras universidades do país e do exterior. A universidade inglesa King’s College, que já é parceira da USP no projeto do laboratório, será uma das instituições que enviará alunos e professores para estudos em São Paulo.“Poderemos trabalhar em colaboração e formar pesquisadores interessados nesta área [células-tronco]”, complementou.

A professora Maria Rita Passos-Bueno, que coordena outro projeto de pesquisas sobre células-tronco na própria USP, acha importante essa integração, mas ressalta, porém, que a medida ainda precisa ser planejada. “Temos que ver como será esta integração”, disse, lembrando que pesquisas sobre células-tronco obtidas em dentes são realizadas na USP pelo menos desde 2005.
Stevens Rehen, coordenador do Laboratório Nacional de Células-Tronco Embrionárias da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), disse que a criação do laboratório deve colaborar para a obtenção de resultados mais significativos na área.

Para ele, o Brasil tem publicado pesquisas importantes sobre células-tronco. Mesmo assim, ainda tem muito a avançar até nivelar-se com países mais desenvolvidos. O novo laboratório pode ajudar a reduzir essa diferença, acredita.

“Se o Brasil quer ter avanços importantes, tem quer ter vários grupos diferentes pesquisando o mesmo assunto”, ressaltou. “A área de células-tronco não é uma ciência exata. Então, qualquer visão diferente sobre o assunto já acrescenta”.

(Fonte: Agência Brasil)

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Célula tronco é a pauta do “Re-Vista” desta sexta

No programa “Re-Vista” desta sexta (23), que vai ao ar pela CNT, Dani Tavares entrevista a Dra.Patricia Costa, pesquisadora do Instituto Nacional de Cardiologia do Rio, sobre o uso de células tronco no tratamento de diversas doenças. Atualmente o Brasil é centro de referência em estudos de terapia celular nas doenças do coração.
Durante a entrevista, a Dra.Patricia comentou os resultados promissores das pesquisas já realizadas e principalmente o ótimo prognóstico de um paciente vítima da Doença de Chagas tratado com células retiradas da própria medula.
O objetivo do programa é esclarecer a população sobre o trabalho desenvolvido no Instituto do Coração e estimular o interesse por informações concretas sobre os tratamentos com células tronco e as doenças que estão sendo estudadas.

O “Re-Vista” vai ao ar toda sexta-feira, às 12h30, na CNT.

Fonte: Todo Canal

Cientistas brasileiros inovam em pesquisas com células-tronco

Modificação genética

Pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), da USP, conseguiram um feito inédito na ciência brasileira: a produção de células-tronco de pluripotência induzida (iPS) a partir da modificação genética de células da pele.

A inovação do projeto está no uso de genes distintos daqueles tradicionalmente utilizados pelos grupos de pesquisa que produzem trabalhos semelhantes.

O estudo, realizado pela Dra Virgínia Picanço e Castro, foi publicado na edição online da revista Stem Cells and Development.

A pesquisa coloca o país em posição de destaque no cenário científico internacional na área de células tronco.

"Os resultados desta pesquisa colocam o Brasil numa posição de destaque no cenário científico internacional, mostrando que a ciência que se faz aqui está em pé de igualdade com aquela realizada no exterior", aponta o orientador do trabalho, o professor Dimas Tadeu Covas.


Células-tronco de pluripotência induzida


O objetivo do grupo era transformar células de pessoas adultas em células-tronco de pluripotência induzida (iPS). Essa reprogramação ocorre por meio da introdução de genes nas células adultas.

Vários estudos internacionais já foram realizados usando essa técnica que, tradicionalmente, utiliza quatro genes para a modificação genética: SOX 2, OCT 4, KFL 4 e C-MYC. Uma das características dessa técnica é que, quando as células iPS são introduzidas em animais, elas levam à formação de tumores.

No estudo realizado em Ribeirão Preto, os pesquisadores utilizaram três genes: SOX 2, C-MYC e um outro inédito, o TCL 1-A para reprogramar células adultas de pele humana.

Os cientistas conseguiram transformá-las em células-tronco de pluripotência induzida, mas elas apresentaram a característica de não produzirem tumores.

É a primeira vez que um grupo de pesquisa produz esses resultados usando genes distintos daqueles tradicionalmente usados. Agora, os estudos continuam com a finalidade de entender outras características que essas células apresentam e suas possíveis propriedades terapêuticas.
Células-Tronco e Terapia Celular

"Não temos um número tão grande de pesquisadores quanto o de outros centros de pesquisa no exterior, mas também produzimos trabalhos com resultados muito interessantes", comenta o professor Dimas Tadeu Covas, destacando o papel fundamental que o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Células-Tronco e Terapia Celular (INCT), sediado em Ribeirão Preto, juntamente com o Centro de Terapia Celular (CTC) da USP na cidade, tiveram para a realização desta pesquisa.

Além do professor Dimas Tadeu Covas e de Virginia Picanço-Castro, participaram do trabalho os pesquisadores Elisa Maria Souza Russo-Carbolante, do INCT; Luiza Junqueira Reis (CTC); Ana Maria Fraga (Instituto de Biociências da USP); Danielle Aparecida Rosa de Magalhães (CTC); Maristela Delgado Orellana (CTC); Rodrigo Alexandre Panepucci, (CTC); e Lygia Veiga Pereira (Instituto de Biociências da USP). O artigo está disponível para consulta neste endereço.
A pesquisa tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Financiadora de Estudo e Projetos (Finep).

Fonte: Diário da Saúde.

Células-tronco com tecidos dentais

A Faculdade de Odontologia da USP irá desenvolver um laboratório para pesquisa e cultivo de células-tronco com populações dentais diversas, desde dentes de leite até tecidos como o ligamento periodontal, conector do dente aos ossos da boca.
Parceira do King's College de Londres em cinco projetos de pesquisa com células-tronco dentais, a faculdade deverá contar com novo centro em 2011. A especialista e professora de ambas instituições Andrea Mantesso, coordenadora do projeto, afirma que as pesquisas na área avançam a passos largos.
"Já é possível gerar outros tecidos dentais ou mesmo dentes inteiros a partir de células-tronco", explica Andrea, em entrevista ao G1. "Uma população de células-tronco dentais não servem para qualquer aplicação, mas são extremamente promissora para os tecidos que são capazes de formar."
Células-tronco de tecidos dentais possuem aplicação limitada por não serem pluripotentes como aquelas obtidas a partir de embriões e de cordões umbilicais.
Para obter as células-tronco, o tecido de interesse como a polpa ou o ligamento periodontal são removidos e enzimas são aplicadas para separar as células umas das outras. O último passo é afastar as células-tronco das demais que compõem o tecido.
Histórico

O isolamento de células-tronco a partir de tecidos dentais começou em 2000, com trabalho do professor australiano Stan Gronthos. Três anos mais tarde, a mesma equipe identificou a presença de células-tronco também em dentes de leite.
Tecidos como ligamento periodontal e papila apical - tecido presente na formação da raiz do dente - também estão entre as populações dentais pesquisadas posteriormente para obtenção de células-tronco.
No ano de 2004, uma equipe do King's College, chefiada por Paul Sharpe, conseguiu construir um dente no rim de um camundongo, utilizando somente células durante o processo. Material de medula óssea foi empregado neste experimento, tido como um marco na odontologia moderna por mostrar a possibilidade de criar um dente a partir de tecidos não dentais.
Segundo a professora Mantesso, células-tronco dentais em geral já foram empregadas em trabalhos de engenharia tecidual em órgãos não dentais.
"Já se mostraram eficazes na recuperação de isquemia cardíaca e de danos na retina, além da produção de células neurais contra doenças neurológicas e musculares no combate a distrofias", afirma Andrea.

Fonte:g1.com

terça-feira, 20 de julho de 2010

Veneno de abelhas pode tratar depressão, demência e distrofia muscular

Pesquisadores da Universidade de Bristol (Inglaterra) e da Universidade de Liège (Bélgica) descobriram uma proteína do veneno de abelhas que pode servir para o desenvolvimento de medicamentos contra a distrofia muscular, depressão e demência. A proteína foi chamada de apamina, e foi isolada do veneno de abelhas. Esta proteína atua bloqueando um tipo de canal iônico que permite o fluxo rápido e seletivo de íons potássio (K+) através das membranas de nervos. O bloqueio destes canais no cérebro faz com que os nervos se tornem super-excitáveis, promovendo melhoria na aprendizagem, que influencia no tratamento da demência e da depressão. Além disso, os estudos demonstraram que a apamina diminui os sintomas observados em doentes com distrofia muscular miotônica (veja aqui o que é esta doença).

 
Os pesquisadores utilizaram modelagens moleculares e abordagens genéticas para entender como a apamina bloqueia estes canais de potássio. As proteínas atuam como se fossem “fechadoras” destes canais de potássio, mas não diretamente sobre estes, e sim “à distância”, fazendo com que estes canais se fechem. O funcionamento da apamina deverá estimular a busca de derivados sintéticos que possam mimetizar a ação desta proteína, causando efeitos similares, para que eventualmente possam ser desenvolvidos medicamentos para doenças cujos sintomas possam ser diminuídos pela ação destas substâncias.


Fonte: http://divulgarciencia.com/