quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Investimento de R$ 4 milhões em laboratório


Valor investido no Laboratório Nacional de Células-Tronco Embrionárias foi dividido entre o MS, o BNDES a FINEP e CNPq

Parte integrante da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o Laboratório Nacional de Células-Tronco Embrionárias (Lance) acaba de ser inaugurado e produzirá as unidades da linhagem brasileira de células-tronco pluripotentes induzidas, que podem se transformar em qualquer célula sem ser criada a partir de embriões – a primeira linhagem foi desenvolvida pela equipe da UFRJ, no início deste ano. O investimento foi de R$ 4 milhões, divididos entre Ministério da Saúde, o BNDES a FINEP e CNPq.
Segundo o Ministério da Saúde, R$ 532,75 milhões foram investidos em 2.694 projetos científicos de universidades e instituições de pesquisa desde 2003 até o primeiro semestre de 2009. Sendo que o Brasil foi o quinto país a produzir células-tronco pluripotentes induzidas. A pesquisa foi coordenada pela Lygia da Veiga Pereira, pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP) e Stevens Rehen da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Os estudos de Lygia e Rehen foram financiados pelo Ministério da Saúde, através da Rede Nacional de Terapia Celular (RNTC). Sendo que a cientista chegou a primeira linhagem de célula-tronco embrionária humana no Brasil e Rehen produziu a primeira linhagem de células-tronco obtidas sem o uso de embriões (células-tronco induzidas). A rede, coordenada pelo Ministério, deve encerar o ano com um investimento total de R$ 32 milhões, em 2009, divididos entre BNDES e dos Ministérios da Ciência e Tecnologia e da Saúde.

Rio inaugura primeira grande fábrica de células-tronco do Brasil

Pesquisadores da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) inauguraram na segunda-feira (30) a primeira grande fábrica de células-tronco do país. O objetivo é distribuir linhagens dessas células para dezenas de centros de pesquisa Brasil afora, de maneira que futuros testes de laboratório - e, com sorte, de terapia celular em pessoas - sejam padronizados e tenham resultado mais confiável.

O Lance (Laboratório Nacional de Células-Tronco Embrionárias) fabricará não só linhagens de células embrionárias humanas, famosas por sua versatilidade quase ilimitada (podem assumir a função de qualquer tecido do organismo adulto), mas também as chamadas células iPS. Esse outro tipo é aquele produzido quando um pedaço do organismo adulto, como uma célula da pele, é "convencido" a retornar a um estado mais primitivo, tão versátil quanto o embrionário.

A esperança é que ambos desempenhem um papel importante na medicina do futuro. As duas classes de célula podem ajudar a reconstruir a dinâmica de doenças humanas em laboratório e servir como plataforma para teste de novas drogas.

Também há chance de usá-las para reconstruir tecidos e órgãos lesados, como os neurônios desfuncionais de uma pessoa com mal de Parkinson, embora nenhum teste em humanos tenha ocorrido até agora.

Criatividade e esperança - Com recursos do Ministério da Saúde, do CNPq, da Finep e do BNDES, o Lance é uma tentativa de aplicar resultados da pesquisa básica em saúde.

O diretor do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ, Roberto Lent, disse que a iniciativa marca um momento de "criatividade e esperança" para a instituição, que está fazendo 40 anos. O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, foi o responsável por inaugurar oficialmente o laboratório ontem.

O novo laboratório terá também um braço na USP (leia texto à dir.). Os 26 pesquisadores da ala carioca do Lance se destacam, junto com seus colegas paulistas, pela experiência já adquirida na área.

Foram os primeiros da América Latina a produzir células iPS, um truque delicado de manipulação genética, e os primeiros a produzirem uma tese de doutorado e um artigo científico sobre células-tronco embrionárias humanas no Brasil.

O grupo também anda otimizando técnicas para a produção e a análise dessas células em larga escala.
A ideia é usar esse know-how como controle de qualidade das linhagens celulares que serão empregadas para pesquisa no Brasil.

Os cientistas planejam garantir que as células distribuídas estejam livres de contaminação bacteriana, sem anomalias genéticas e com pluripotência (versatilidade na transformação em outros tipos).

Comparabilidade - Stevens Rehen, o biólogo coordenador do laboratório, diz que será preciso encontrar equilíbrio entre a padronização das linhagens e a criatividade de cada grupo de pesquisa.

"Posso chegar a um protocolo numa determinada linhagem que é boa para produzir neurônios, e para mim está ótimo", explica o cientista. Segundo ele, porém, isso não basta. "É importante que seja possível comparar as linhagens durante testes clínicos, por exemplo, porque é comum cada uma se comportar de modo diferente."

Outro fator a ser considerado pelos cientistas é a composição genética das células, que influi na maneira com que elas reagem a drogas, por exemplo.

"A [linhagem] que testamos era cerca de 98% europeia. Pode ser que nunca consigamos amostrar toda a diversidade genética brasileira, porque quem tem acesso a clínicas de fertilização (fornecedoras de células embrionárias) tende a representar uma fatia mais europeia da população", afirma. (Fonte: Folha Online)

EUA aprovam primeiras linhagens "éticas" de células-tronco


O governo dos Estados Unidos aprovou nesta quarta-feira as primeiras 13 linhagens de células-tronco embrionárias humanas, abrindo caminho para seu uso em pesquisas com verbas federais e refletindo o anúncio do presidente Barack Obama, em março, no sentido de eliminar algumas restrições.
Essas linhagens foram produzidas com verbas privadas por dois pesquisadores da Universidade Harvard e da Universidade Rockefeller, segundo Francis Collins, diretor do Instituto Nacional de Saúde dos EUA.
A decisão libera esses e muitos outros pesquisadores para usarem verbas federais nas suas pesquisas com tais linhagens de células-tronco, que são uma espécie de "manual de instruções" do organismo, capazes de dar origem a qualquer órgão ou tecido do corpo, o que abre a perspectiva de cura para diversas doenças e lesões.
"Hoje estamos anunciando a aprovação das primeiras 13 linhagens de células-tronco", disse Collins a jornalistas por telefone. "Chegamos ao ponto em que temos linhagens de células-tronco declaradas elegíveis para o uso sob esta nova política."
Alegando obstáculos éticos ao uso de embriões, o governo conservador de George W. Bush impunha restrições ao uso de verbas federais nas pesquisas com células-tronco embrionárias. Em março, seu sucessor Barack Obama suspendeu parte dessas restrições.
Mas Obama não pôde suspender uma restrição que foi imposta pelo Congresso, a chamada emenda Dickey-Wicker, que proíbe o uso de verbas federais para a produção das células-tronco. Por isso, só será possível o uso das verbas públicas em linhagens já existentes.
Adversários da prática a equiparam ao aborto, por destruir embriões. Defensores alegam que esses embriões, descartados em clínicas de fertilização, seriam destruídos de qualquer maneira.
O Instituto Nacional de Saúde criou uma comissão que estabelecerá as diretrizes sobre quais linhagens de células-tronco atendem a rígidos critérios éticos. Será obrigatório, por exemplo, que os embriões tenham sido descartados em clínicas de fertilização, e que os pais assinem detalhados formulários de autorização.
Collins disse que, após quase dez anos de debate sobre o assunto, a maioria da opinião pública apoia o uso de células-tronco embrionárias obtidas em clínicas de fertilização.

Cientistas franceses criam pele com células-tronco

Cientistas franceses descobriram uma maneira de criar pele humana rapidamente a partir de células-tronco, uma descoberta que pode salvar as vidas de muitas vítimas de queimaduras que são vulneráveis a infecções e hoje podem ter que esperar semanas para um enxerto de pele.

Os cientistas conseguiram o avanço criando um pedaço de pele humana nas costas de um camundongo com o uso de células-tronco, que possuem a capacidade de se desenvolverem e converterem em qualquer célula humana.

Tradicionalmente, os enxertos de pele são criados a partir de culturas de células retiradas do paciente. É um processo que leva três semanas, o que é tempo demais para alguns pacientes que sofreram queimaduras extensas.

O novo método à base de células-tronco permite que os hospitais encomendem pele humana assim que receberem uma vítima de queimaduras.

"O que nossa descoberta pode fornecer é uma maneira de cobrir as queimaduras durante essas três semanas com epiderme. produzida naquela fábrica e enviada ao médico assim que o hospital recebe um paciente com queimaduras graves", disse Marc Peschanski, diretor de pesquisas do instituto I-Stem.

"O hospital vai ligar para a fábrica e receberá imediatamente um metro quadrado de epiderme, que servirá para cobrir as queimaduras temporariamente", disse ele.

"Enxertamos células nas costas de um camundongo no qual tínhamos provocado um ferimento, e observamos, 12 semanas mais tarde, que a epiderme tinha se curado", disse Xavier Nissan, que participou do estudo realizado pelo I-stem, que desenvolve terapias de regeneração usando células-tronco.

Na França, entre 200 e 300 pessoas por ano correm o risco de morrer de queimaduras graves, disse Peschanski, que espera que o novo método se torne uma ferramenta terapêutica comum.

"Portanto, isto realmente traz uma nova esperança para essas pessoas. E a verdade é que qualquer um de nós pode se tornar um paciente com queimaduras graves', disse ele. (Fonte: Folha Online)