quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Células-tronco: a ciência em paz com a religião

Há mais de três anos, nossas autoridades procuram instruir-se para decidir se as leis da biossegurança permitem utilizar embriões congelados para a obtenção de células-tronco para terapias, que no momento atual são apenas pesquisas, todas promissoras.

O ponto essencial dessa questão é determinar quando se inicia uma vida. Nunca houve dúvidas de que a vida inicia-se após a fecundação do óvulo pelo espermatozóide e a conseqüente fusão da carga genética do pai e da mãe e a formação do embrião.

A ciência tem procurado alterar essa verdade, visando evitar polêmicas do ponto de vista ético e religioso, a partir do advento da fertilização in vitro, que colocou em nossas mãos bebês com 0,1 mm de diâmetro, cujos destinos podem constituir dilemas sérios.

A fertilização in vitro é um excelente tratamento para infertilidade e soluciona praticamente todos os casos de casais com dificuldades para ter filhos. As polêmicas surgem com o excesso de embriões. Se transferirmos três ou quatro embriões, temos gêmeos, trigêmeos e quadrigêmeos, o que gera gestações de alto risco e elevado índice de complicações neonatais, com mortes ou seqüelas indesejáveis. Se houver mais que quatro embriões, os excedentes são congelados. Se o casal não utilizar os embriões congelados, estes deverão ser conservados por no mínimo três anos, quando, então, poderão ser utilizados em pesquisa para obtenção de células-tronco.

A comunidade científica alega que um embrião de menos de 14 dias não é um embrião, e sim um pré-embrião, pois não tem condições de sobrevida a não ser após a nidação, isto é, a fixação na parede uterina.

Semelhante ao embrião de 0,1 mm, um bebê recém-nascido com três quilos também não tem condição alguma de sobrevida se não for alimentado, agasalhado, etc. Portanto, a diferença entre eles é de idade, tamanho e forma de carinho de que necessitam.

A fertilização in vitro pode ser aplicada produzindo-se apenas o número ideal de embriões que eu considero, um ou dois ou, eventualmente, três ou quatro em casos especiais, como mulheres com mais que 40 anos. Não é necessário produzir embriões excedentes para serem congelados, todos os embriões produzidos devem ser transferidos para o útero da mãe. Se houver óvulos excedentes, estes poderão ser congelados e destruídos caso tornem-se dispensáveis, ou fertilizados futuramente para a geração de novos bebês. Alguns países já proibiram o congelamento de embriões.

Não está definido ainda se as células-tronco de origem embrionária são melhores que as obtidas de outros tecidos. Os tratamentos já padronizados e eficientes, como a recuperação do músculo cardíaco, utilizam células-tronco do próprio indivíduo, portanto, a princípio, não precisamos produzir embriões excedentes e nem sacrificá-los.

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